Pedro Rodrigues Filho, de 68 anos, conhecido como “Pedrinho Matador”, que dizia ter matado mais de 100 pessoas, não gostava nenhum pouco de Francisco de Assis Pereira, o “Maníaco do Parque”, condenado a 268 anos de prisão por matar sete mulheres e estuprar outras nove. Em entrevista à TV Record, antes de ser morto, Pedrinho revelou que chegou a ameaçar o desafeto enquanto eles cumpriam pena na mesma penitenciária (veja no vídeo abaixo).
“Falei para ele mesmo, quando passou com um guarda. ‘Quando faltar um dia para eu ir embora, se você passar na minha frente, te mando para o inferno’. Me dá nojo falar de um diabo desse”, declarou Pedrinho, em conversa com o jornalista Marcelo Rezende, em 2018.
Ao ser questionado sobre o motivo de não gostar de Francisco, Pedrinho foi enfático: “Mas quem vai gostar de um diabo desse, doutor Marcelo? Fala para mim. Não era nada comigo, mas ele pegava coitada de mulher pobre. Era só coitadinha e, agora, parece que está piorando”, disse.
Pedrinho ressaltou na entrevista que tinha “nojo” do assassino de mulheres. “Não posso ver ele de longe que já me dá o maior nojo… aquele estuprador que matou mulher, o Maníaco do Parque, me dá nojo quando vejo esse cara”, disse o serial killer.
Apesar de tanto ódio, eles não chegaram a se enfrentar na cadeia. Pedrinho, que passou 42 anos na preso por causa de dezenas de assassinatos, deixou o presídio em 2017. Porém, em março de 2023, morreu ao ser baleado e ter o pescoço cortado, em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo.
Segundo a investigação policial, Adalberto de Oliveira Alves Júnior, conhecido como Pierre, de 32 anos, que é um dos líderes o Primeiro Comando da Capital (PCC), teria cometido o assassinato a mando da facção.
Já Francisco segue cumprindo pena na Penitenciária de Iaras, no interior de São Paulo. Como já passou quase 30 anos em reclusão, ele poderá progredir para o regime aberto em 2028. Para isso, terá que ser aprovado em exames psicológicos.
O tema tem gerado apreensão em especialistas e autoridades ligadas ao caso, já que elas dizem que com certeza ele “voltará a matar”.
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Quem foi ‘Pedrinho Matador’?
“Pedrinho Matador” foi condenado por dezenas de assassinatos, que começaram a ser cometidos na década de 1970. O primeiro crime ocorreu quando ele ainda tinha 14 anos, em Santa Rita do Sapucaí, em Minas Gerais, quando ele matou a tiros o então prefeito da cidade.
Depois disso, o homem não parou mais de cometer crimes e afirmava ter sido responsável por mais de 100 mortes, muitas delas dentro da cadeia. Ele foi preso pela primeira vez em 1973 e, ao todo, passou 42 anos preso.
Em entrevista ao programa “Fantástico”, da TV Globo, em 1996, quando ainda cumpria pena, “Pedrinho Matador” disse que “sempre foi um assassino” e que não se arrependia dos crimes. Entre as tatuagens que ele exibia, estava a frase: “Mato por prazer”. Na mesma época, ele afirmou que matou o próprio pai.
Ele estava em liberdade desde 2017, quando cumpriu suas penas. Depois disso, Pedrinho criou perfis nas redes sociais e passou a contar sua história. No último registro em seu Tik Tok, seguido por mais de 321 mil pessoas, ele apareceu jogando sinuca em um bar de Mogi das Cruzes, no dia 4 de março de 2023 (veja abaixo). Depois disso, ele foi assassinado.
Crimes do ‘Maníaco do Parque’
Francisco, que trabalhava como motoboy, escolhia suas vítimas e depois as atacava no Parque do Estado, localizado na Zona Sul da capital paulista, onde costumava passear de patins.
Entre os anos de 1997 e 1998, o criminoso atacou diversas mulheres, sempre as atraindo dizendo que era um “caçador de talentos” e que tinha uma oportunidade de campanha publicitária. O homem oferecia, inclusive, pagamento pelas fotografias e muitas das jovens acabaram sendo enganadas.
O Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) encontrou inicialmente os corpos de seis vítimas, sendo que todas apresentavam sinais de violência sexual e estavam nuas. Assim, havia a suspeita de que todos os casos tinham sido cometidos pela mesma pessoa.
A polícia enfrentou dificuldades para chegar até o suspeito, mas ele acabou sendo preso em 1998, depois que foi denunciado por um pescador na cidade de Itaqui, no sul do Rio Grande do Sul, perto da fronteira do Brasil com a Argentina.
Apesar de ser apontado como autor de dez mortes, Francisco foi condenado a 268 anos de prisão por sete, sendo que uma das vítimas não foi identificada. As demais foram: Patrícia Gonçalves Marinho, 24 anos; Selma Ferreira Queiroz, 18 anos; Raquel Mota Rodrigues, 23 anos; Isadora Fraenkel, 19 anos; Rosa Alves Neta, 21 anos; e Elizângela Francisco da Silva, 21 anos.
Como a condenação é antiga, vale o teto máximo de 30 anos de reclusão, conforme estabeleciam as leis brasileiras. Para os casos recentes, agora os condenados podem ficar até 40 anos na cadeia.
Dessa forma, o serial killer, que atualmente está com 56 anos de idade, poderá ser solto daqui a quatro anos. Para obter a progressão de pena para o regime aberto, no entanto, ele terá que ser aprovado em análises psicológicas feitas por especialistas.