O Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou um pedido de liberdade feito pela defesa do empresário Igor Ferreira Sauceda, de 27 anos, que virou réu por atropelar e matar o motociclista Pedro Kaique Ventura Figueiredo, de 21, na Avenida Interlagos, na Zona Sul de São Paulo. Ele está preso desde julho passado e responde por homicídio triplamente qualificado por motivo fútil, emprego de meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima.
ANÚNCIO
A decisão do STJ saiu na última quarta-feira (30). Já em agosto passado, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) também já tinha negado a soltura do empresário, quando também cobrou do Instituto de Criminalística (IC) o laudo sobre o atropelamento.
Igor segue cumprindo prisão preventiva no Centro de Detenção Provisória (CDP) II em Guarulhos. A defesa dele não foi encontrada para comentar a decisão judicial até a publicação desta reportagem.
A Justiça também aceitou a denúncia do Ministério Público contra o empresário em agosto. No documento, a promotora Renata Cristina de Oliveira Mayer ressaltou que Igor teve a intenção de matar e agiu com “brutalidade fora do comum”.
A promotora escreveu no documento que o empresário “deliberou matar Pedro somente porque se irritou com o fato dele ter danificado o seu carro” e lembrou que a vítima foi atingida pelas costas “em alta velocidade”, o que resultou no “recurso que dificultou a defesa”.
Assim, pediu que ele seja julgado por homicídio doloso triplamente qualificado por motivo fútil, emprego de meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima.
LEIA TAMBÉM:
ANÚNCIO
- Motorista de Porsche que perseguiu, atropelou e matou motociclista vira réu no caso, em São Paulo
- Motorista de Porsche amarelo chora em audiência, mas segue preso
- Após briga de trânsito, acidente envolvendo Porsche termina com motociclista morto, na Zona Sul de SP
Relembre o caso
O motociclista e auxiliar de transportes escolar Pedro Kaique Ventura Figueiredo, de 21 anos, morreu após ser atropelado por Igor Sauceda no dia 29 de julho deste ano. Imagens de câmeras de segurança registraram o Porsche perseguindo a moto em alta velocidade (assista abaixo).
Ao ser ouvido pela polícia, Igor sustentou que o atropelamento foi acidental, mas deu versões divergentes sobre o que aconteceu. Ele afirmou que estava a 70 km/h, mas, segundo a polícia, o condutor do carro de luxo perseguiu e atingiu a vítima, em alta velocidade, em um “momento de fúria”.
Inicialmente, em depoimento no 11º Distrito Policial de Santo Amaro, quando a polícia ainda não tinha acesso às imagens que registraram o atropelamento, Igor disse que seguia pela faixa central da via, quando o motociclista “passou por sua lateral esquerda e quebrou seu retrovisor”. Ele disse que “não conseguiu identificar o emplacamento e demais características, pois as luzes do motociclo estavam desligadas”.
Depois disso, o empresário disse que o motociclista entrou na sua frente de forma “abrupta” e, mesmo tentando desviar, ele não conseguiu evitar o atropelamento. Até aquele momento, ele tinha passado por um exame toxicológico, que tinha dado negativo, e a polícia tratava o caso como um acidente sem a intenção de matar.
No entanto, cerca de 10 horas depois, quando a polícia já tinha visto as imagens que mostraram o Porsche perseguindo a moto em alta velocidade, Igor foi novamente ouvido, desta vez no 48º Distrito Policial.
Neste segundo depoimento, ele disse que o desentendimento com Pedro Kaique teve início na altura do Autódromo de Interlagos, que fica a cerca de 3 km do local do atropelamento. A investigação, então, entendeu que houve uma perseguição e o caso passou a ser tratado como homicídio doloso, com dolo eventual por motivo fútil ou torpe, e o empresário foi preso.
Ele passou passou por uma audiência de custódia no dia 30 de julho, quando teve a prisão preventiva decretada pela Justiça. Na decisão, a juíza Vivian Brenner de Oliveira destacou que as imagens mostram que o condutor usou o carro de luxo “como verdadeira arma”.
Igor é um dos sócios do bar Beco do Espeto, localizado no bairro Itaim Bibi, na Zona Oeste de São Paulo, que foi alvo de uma tentativa de incêndio após a repercussão da morte do motociclista. Por conta da sociedade no estabelecimento, inclusive, ele acumula uma série de problemas, entre denúncias de ameaçar, perseguir e até dar um calote milionário em ex-sócios.