A Polícia Civil investiga a morte do menino Enzo Gabriel de Oliveira dos Santos Nero, de 7 anos, que passou mais de um mês internado com suspeita de envenenamento por chumbinho, em Indaiatuba, no interior de São Paulo. O garoto foi socorrido pelo pai no fim de setembro, quando teria passado mal ao voltar da escola, em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo. Porém, após o falecimento, uma tia da criança registrou outro boletim de ocorrência levantando suspeitas sobre o caso.
Conforme reportagem do site G1, o pai de Enzo, Henrique de Oliveira Dias, registrou um boletim de ocorrência, no último dia 27 de setembro, quando disse que o filho voltou da EMEB José Piacentini, em Itaquaquecetuba, se queixando de dores de cabeça e tontura. Mais tarde ele piorou e chegou a desmaiar, quando foi socorrido e internado no Hospital Augusto de Oliveira Camargo, em Indaiatuba.
Ainda segundo o relato do pai, o garoto teve de ser reanimado com desfibrilador e foi mantido sob cuidados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital. Porém, no dia 30 de outubro, o garoto não resistiu e faleceu.
O boletim de ocorrência aponta que foi expedida uma guia de exame junto ao Instituto Médico Legal (IML) para confirmar suspeitas de intoxicação por chumbinho. O pai foi encaminhado e orientado a apresentar toda a documentação necessária.
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Depois da morte de Enzo, uma tia materna do garoto também procurou a polícia dizendo que, quando o menino foi internado pelo pai, já estava desacordado. Ela ressaltou a suspeita de envenenamento e ainda levantou outras suspeitas contra o genitor e a madrasta da criança.
Conforme o segundo boletim de ocorrência, o Conselho Tutelar foi avisado sobre a situação de Enzo. O menino teria sido ouvido por conselheiras ao ficar consciente por algum tempo, quando disse que, antes de passar mal, teria ingerido um refrigerante oferecido pelo próprio pai e que, dentro da bebida, havia um comprimido de cor preta. Um exame de sangue, que teria constatado a ingestão de chumbinho, também foi citado.
O documento ainda destaca que, na madrugada do último dia 2 de outubro, a madrasta de Enzo teria ido ao hospital e foi vista apertando o pescoço do garoto, tentando asfixiá-lo.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) para esclarecer se o pai do menino e a madrasta foram ouvidos e são considerados suspeitos. Porém, a pasta destacou apenas que “todos os fatos relacionados ao caso estão sob investigação, mas os detalhes precisam ser preservados para não impactar o trabalho policial e por envolver um menor de idade.”
O caso segue em investigação na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Itaquaquecetuba, que instaurou inquérito policial, e aguarda o resultado do laudo do IML para esclarecimento sobre as causas da morte de Enzo.
O pai, a madrasta e a tia do garoto não foram encontrados para comentarem o assunto até a publicação desta reportagem.
Já a Prefeitura de Itaquaquecetuba informou que o Conselho Tutelar III acompanhou o caso para garantir a proteção e assegurar os direitos da criança. “Diante dos indícios, procedeu-se com o afastamento provisório da criança, conforme o artigo 101 do ECA, que ficou sob a responsabilidade da avó materna.”
O acompanhamento do núcleo familiar foi solicitado ao Conselho Tutelar de Indaiatuba, onde a avó mora, e o caso está sendo investigado pela polícia. O Conselho Tutelar informou ainda que mantém o sigilo dos atendimentos realizados em conformidade com as diretrizes da Política Nacional de Assistência Social.