O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, defendeu a ação dos policiais militares que resultou na morte do menino Ryan da Silva Andrade Santos, de 4 anos, atingido por uma bala perdida em Santos, no litoral de São Paulo. Ele lamentou o falecimento do garoto, mas ressaltou que os PMs foram recebidos a tiros no Morro São Bento e tiveram que reagir. A comunidade nega e diz que só os agentes atiraram.
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“A gente lamenta muito, um dia triste para o estado de São Paulo, para as forças policiais. Uma criança inocente, uma vida que foi interrompida, lamentavelmente, mas dizer que nenhum policial queria que essa tragédia acontecesse”, disse Derrite, em entrevista coletiva. “Isso só aconteceu infelizmente porque os policiais foram agredidos a tiros. Não era uma operação que estava acontecendo, tem que contextualizar isso”, ressaltou o secretário.
O confronto entre policiais e suspeitos ocorreu na noite da última terça-feira (5). Os PMs disseram que perceberam a movimentação em um ponto de venda de drogas e, ao procurar os envolvidos, foram recebidos a tiros e revidaram. Nesse momento, Ryan, que brincava em uma calçada, foi atingido e, mesmo sendo socorrido, morreu.
Além dele, dois adolescentes, de 17 e 15 anos, também foram baleados. Ambos foram socorridos, mas o mais velho não resistiu aos ferimentos e faleceu. O outro segue internado e mantido sob escolta policial. A PM afirma que eles eram suspeitos.
Segundo o coronel Emerson Massera, porta-voz da Polícia Militar, o tiro que atingiu o menino provavelmente partiu da arma de um policial. Ele destacou que sete agentes que participaram da ação foram afastados das funções nas ruas enquanto o caso é apurado.
Segundo o coronel, será realizado o confronto balístico para confirmar a origem do projétil que atingiu a criança. “Em um levantamento inicial, pela dinâmica, pelo cenário da ocorrência, nós entendemos que provavelmente esse disparo partiu de um policial militar. Teremos essa certeza depois do laudo da perícia”, afirmou Massera.
Apesar da bala perdida, o coronel lembrou que os policiais também poderiam ter sido mortos pelos suspeitos. “Os policiais se defenderam e são vítimas também. Atuaram para proteger a própria vida de agressão de criminosos, mas lamentamos muito o resultado que foi a morte do menino e temos outra moça de 24 anos que também foi ferida de raspão”, justificou.
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Depois do caso, a PM reforçou o policiamento no Morro São Bento com o objetivo de “identificar e responsabilizar” os criminosos que teriam trocado tiros com os agentes antes da criança ser atingida.
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Vídeos mostram ação policial
Conforme o boletim de ocorrência, três viaturas da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam) faziam patrulhamentos, quando homens em motocicletas os avistaram e fugiram.
Os agentes os seguiram até um ponto de tráfico de drogas, onde os policiais desceram dos veículos e iniciaram uma busca pelos suspeitos a pé. Em um determinado momento, os criminosos passaram a atirar, sendo que os PMs revidaram. Um reforço policial foi acionado e o tiroteio continuou.
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram a ação policial e o barulho de tiros (veja abaixo):
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) lamentou a morte de Ryan e informou que a Delegacia Seccional de Santos instaurou um inquérito para apurar os fatos. A pasta destacou que será realizada uma perícia nas armas apreendidas e no local do confronto para esclarecer a origem do disparo que atingiu a criança.
Já a Prefeitura de Santos informou que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e a Guarda Civil Municipal (GCM) foram acionados após o tiroteio, mas a criança já tinha sido levada para a Santa Casa pela família.