Marcos Herbas William Camacho, o Marcola, de 56 anos, apontado como líder máximo da facção Primeiro Comando da Capital (PCC), confessou pela primeira vez o que o levou a chefiar o grupo criminoso. A revelação foi feita em conversa com um advogado, em janeiro de 2022, sendo que o vídeo foi divulgado pelo portal “Metrópoles” nesta semana.
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Segundo Marcola, tudo ocorreu depois que mataram a esposa dele, Ana Maria Olivatto. “É aí que eu me tornei o chefe do negócio. Porque antes disso daí [do assassinato da mulher], eu não era chefe de nada, entendeu?”, disse ele (veja no vídeo abaixo).
@metropolesoficial Marcos Herbas William Camacho, o #Marcola, disse pela primeira vez que é o “chefe” do Primeiro Comando da Capital (PCC). A fala do líder da f4cção aconteceu durante uma reunião com o advogado, em janeiro de 2022, obtida nesta quarta-feira (7/11) pelo #Metrópoles. Marcola afirmou, durante a reunião que tinha uma divergência com os antigos líderes, mas que só se tornou “chefe do negócio”, depois que m4taram sua esposa, Ana Maria Olivatto. “É aí que eu me tornei o chefe do negócio. Porque antes disso daí [ass4ss1nato da Ana], eu não era chefe de nada, entendeu?”. Durante a conversa com o representante legal, Marcola explica que funcionava como um mediador entre os presos faccionados e um diretor penitenciário na época identificado como doutor Guilherme, em crises de rebelião em presídios no estado de São Paulo. O líder do PCC conta que não queria esse rótulo de liderança “de forma alguma”. “Se eles não m4tam a doutora Ana, eu estava na rua há 20 anos atrás já, entendeu… Quando m4taram a minha mulher eu fui para cima desses caras ai. Esses caras que são os chefes da m4tanç4”. Ao longo da reunião, o detento e o advogado conversam sobre os processos existentes contra o faccionado. Os dois parecem chegar a conclusão de que Marcola raramente era mencionado nominalmente durante as denúncias que culminaram em seus 300 anos de condenação pela Justiça. Em um dos casos, o líder do PCC diz um dos réus ouvidos pelas autoridades, identificado como Chocolate, foi t0rtur4do e durante o processo de t0rtur4 foi perguntado se “um cr1me dessa envergadura poderia ter sido cometido sem o aval do Marcola?”. Questionado, Chocolate teria respondido “acho que não”, segundo o próprio Marcola. Marcola diz que as acusações são genéricas, sempre mencionando a liderança da f4cção, mas sem citar seu nome. Posicionamento que é mantido em uma outra gravação de julho de 2022, também obtido pela reportagem, quando o líder do PCC diz que está “acusado sempre de tudo”. #TikTokNotícias ♬ som original - Metrópoles Oficial
Na conversa com o advogado, Marcola explicou que, até a morte de Ana, atuava como uma espécie de mediador entre os detentos ligados ao PCC. Além disso, ele mantinha contato com um diretor penitenciário para controlar possíveis rebeliões.
No entanto, depois que a esposa foi assassinada, ele ficou sem opções. “Se eles não matam a doutora Ana, eu estava na rua há 20 anos atrás já, entendeu (...) Quando mataram a minha mulher eu fui para cima desses caras aí. Esses caras que são os chefes da matança”, ressaltou Marcola, que garantiu que não queria esse título de chefe “de forma alguma”.
Por conta do seu papel de liderança no PCC, Marcola disse que foi acusado por muitas pessoas sem nenhum fundamento, sendo que essas denúncias resultaram nos mais de 300 anos de prisão pelos quais ele foi sentenciado.
A defesa de Marcola não foi encontrada para comentar o vídeo até a publicação desta reportagem.
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SP quer manter líder do PCC em presídio federal
Em 2019, Marcola e os outros 14 presos da cúpula do PCC foram transferidos de cadeias de São Paulo para presídios federais. Na época, o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) solicitou a remoção, alegando que, no final de 2018, havia descoberto um plano da facção para resgatar os prisioneiros da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no interior paulista.
A transferência foi realizada, mas o prazo para permanência de Marcola na Penitenciária Federal de Brasília expira na primeira semana de fevereiro de 2025. Assim, a Justiça de São Paulo se antecipou e, no último dia 25, e enviou um ofício à Secretaria Estadual da Administração Penitenciária (SAP) pedindo a extensão desse período.
A Justiça federal também defendeu a permanência de Marcola em presídio em Brasília, entendendo que “o preso exerce papel de líder máximo do PCC” e o risco aumenta se ele for transferido de volta para São Paulo.
Ainda não há previsão de quando a solicitação será analisada pela SAP.