A Corregedoria da Polícia Militar descobriu que oito PMs faziam escolta para Antônio Vinícius Gritzbach, de 38 anos, delator do PCC que foi morto a tiros no Aeroporto Internacional de São Paulo, e instaurou um inquérito para apurar esse “bico ilegal”. Os agentes também eram suspeitos por ligação com a facção criminosa e agora a força-tarefa da polícia quer saber se eles facilitaram a execução do empresário.
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Conforme a Corregedoria, o Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado em outubro deste ano, depois que Gritzbach compareceu em uma audiência no Fórum da Barra Funda acompanhado dos seguranças. Na ocasião, ele tinha uma audiência de instrução de um processo que respondia pelas mortes de Anselmo Becheli Santa Fausta, o “Cara Preta”, e Antônio Corona Neto, o “Sem Sangue”.
“Quando esse réu por duplo homicídio foi ser ouvido na audiência de instrução do tribunal do júri da Barra Funda, um PM que fazia escolta dos réus nas audiências achou estranho a postura dos seguranças dele [Gritzbach], parecia de policiais. Ele então registrou fotograficamente e fez uma denúncia na Corregedoria”, explicou o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, em entrevista coletiva.
Conforme o Regulamento Disciplinar da PM, a prática de “bicos” é classificada como uma transgressão grave. Apesar disso, muitos agentes realizam serviços fora da corporação, principalmente como seguranças.
Derrite ressaltou que, após a morte de Gritzbach, os celulares dos seguranças deles foram apreendidos e logo a investigação descobriu que, além da questão dos “bicos ilegais”, eles também eram suspeitos por ligação com o PCC.
“Os celulares de todos esses policiais que estavam no dia lá no aeroporto em Guarulhos foram apreendidos e eles já foram chamados pela Corregedoria da Polícia Militar e terão que explicar o que faziam, porque só o simples fato de realizarem um serviço já configura uma transgressão disciplinar que não permitida além disso estavam fazendo isso para um indivíduo criminoso”, explicou o secretário.
Os oito policiais militares foram afastados das funções e são investigados por suspeita de envolvimento no homicídio do empresário.
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As defesas dos agentes não foram encontradas para comentarem o assunto até a publicação desta reportagem.
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Segurança acompanhava empresário
Conforme a TV Globo, além dos quatro seguranças que deveriam esperar o empresário em terra naquele dia, ele foi acompanhado no voo pelo soldado Samuel Tillvitz da Luz, do 18° Batalhão Metropolitano. Em depoimento, ele disse que estava com Gritzbach e a namorada dele durante o desembarque, quando ouviu o barulho de tiros.
O segurança disse que, então, se escondeu atrás de um ônibus estacionado e “partiu em deslocamento a pé por seu lado direito, subindo por um barranco e acessando a via que dá acesso ao pavimento superior do aeroporto”.
Luz ressaltou que tomou essa atitude, já que estava em desvantagem em relação aos atiradores e, por isso, decidiu proteger a própria vida.
Morte de Gritzbach
O atentado contra Gritzbach ocorreu na última sexta-feira (8). Conforme a polícia, ele foi atingido por quatro tiros de fuzil no braço direito, dois no rosto, um nas costas, um na perna esquerda, um no tórax e um no flanco direito (região localizada entre a cintura e a costela).
Quando foi morto, o empresário portava uma mala cheia de joias e objetos de valor, avaliados em R$ 1 milhão. Familiares contaram à polícia que ele tinha ido até Maceió, em Alagoas, acompanhado da namorada, para cobrar uma dívida de um conhecido, mas sem detalhar, de fato, qual era o teor dessa negociação.
O motorista de aplicativo Celso Araujo Sampaio de Novais, de 41 anos, que também foi baleado no atentado, morreu no sábado (9). O homem chegou a gravar um vídeo enquanto era socorrido em uma ambulância, mas não resistiu. Ele, que não tinha nenhuma ligação com o empresário, foi sepultado nesta manhã no Cemitério Memorial Vertical Guarulhos, na Grande São Paulo.
Além de Celso, outras duas pessoas ficaram feridas após serem atingidas por tiros. Ambas receberam atendimento médico e já foram liberadas.
Gritzbach sabia que sua cabeça estava a prêmio e já tinha entregado ao Ministério Público de São Paulo um áudio onde dois interlocutores negociavam a morte dele por R$ 3 milhões.
A gravação foi feita pelo próprio empresário. Ele estava em seu escritório com um policial civil amigo quando o agente recebeu uma ligação de uma pessoa ligada a uma das empresas de ônibus de São Paulo suspeita de integrar a facção criminosa.