A força-tarefa da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), que investiga a morte Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, de 38 anos, delator do PCC assassinado a tiros de fuzil no Aeroporto Internacional de São Paulo, afastou cinco policiais civis que foram citados por ele como corruptos. A pasta não divulgou os nomes dos agentes afastados e se eles chegaram a ser indiciados por algum crime.
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Entre os policiais citados por Gritzbach nas delações está o policial civil Rogerio de Almeida Felicio, conhecido como “Rogerinho”, segundo revelado pelo portal “Metrópoles”. O agente, que também é influenciador digital e dono de uma incorporadora no litoral de São Paulo, afirma prestar serviços de segurança privada para o cantor Gusttavo Lima.
Nas redes sociais, Rogerinho tem várias postagens ao lado do sertanejo, que não é citado ou sequer investigado no inquérito.
Conforme a reportagem, o delator citou o nome de Rogerinho ao mencionar crimes de concussão e associação criminosa, que teriam ocorrido durante as investigações sobre a morte do traficante Anselmo Santa Fausta, o “Cara Preta”, da qual Gritzbach era acusado pelo Ministério Público de ter envolvimento.
Apesar da citação de Rogerinho na delação, não há confirmação se ele está entre os cinco agentes que foram afastados pela força-tarefa. A defesa dele não foi encontrada para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.
A SSP-SP só informou que a medida ocorrerá durante as investigações sobre a morte do empresário. “Os polícias civis citados nas oitivas do homem morto no último dia 8, no aeroporto de Guarulhos, foram afastados do trabalho operacional enquanto as denúncias são devidamente apuradas”, destacou a pasta.
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Oito PMs afastados
A Corregedoria da Polícia Militar descobriu que oito PMs faziam escolta do delator e já tinha instaurado inquérito contra eles pelo “bico ilegal”. Os agentes também eram suspeitos por ligação com a facção criminosa e agora a força-tarefa da polícia quer saber se eles facilitaram a execução do empresário. Todos eles foram afastados das funções.
Conforme a Corregedoria, o Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado em outubro deste ano, depois que Gritzbach compareceu em uma audiência no Fórum da Barra Funda acompanhado dos seguranças. Na ocasião, ele tinha uma audiência de instrução de um processo que respondia pelas mortes de Anselmo Becheli Santa Fausta, o “Cara Preta”, e Antônio Corona Neto, o “Sem Sangue”.
“Quando esse réu por duplo homicídio foi ser ouvido na audiência de instrução do tribunal do júri da Barra Funda, um PM que fazia escolta dos réus nas audiências achou estranho a postura dos seguranças dele [Gritzbach], parecia de policiais. Ele então registrou fotograficamente e fez uma denúncia na Corregedoria”, explicou o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, em entrevista coletiva.
Conforme o Regulamento Disciplinar da PM, a prática de “bicos” é classificada como uma transgressão grave. Apesar disso, muitos agentes realizam serviços fora da corporação, principalmente como seguranças.
Derrite ressaltou que, após a morte de Gritzbach, os celulares dos seguranças deles foram apreendidos e logo a investigação descobriu que, além da questão dos “bicos ilegais”, eles também eram suspeitos por ligação com o PCC.
Morte de Gritzbach
O atentado contra Gritzbach ocorreu na última sexta-feira (8). Conforme a polícia, ele foi atingido por quatro tiros de fuzil no braço direito, dois no rosto, um nas costas, um na perna esquerda, um no tórax e um no flanco direito (região localizada entre a cintura e a costela). O empresário morreu na hora.
O motorista de aplicativo Celso Araujo Sampaio de Novais, de 41 anos, que também foi baleado no atentado, morreu no sábado (9). O homem chegou a gravar um vídeo enquanto era socorrido em uma ambulância, mas não resistiu. Ele, que não tinha nenhuma ligação com o empresário, foi sepultado no Cemitério Memorial Vertical Guarulhos, na Grande São Paulo.
Além de Celso, outras duas pessoas ficaram feridas após serem atingidas por tiros. Ambas receberam atendimento médico e já foram liberadas.
Gritzbach sabia que sua cabeça estava a prêmio e já tinha entregado ao Ministério Público de São Paulo um áudio onde dois interlocutores negociavam a morte dele por R$ 3 milhões.
A gravação foi feita pelo próprio empresário. Ele estava em seu escritório com um policial civil amigo quando o agente recebeu uma ligação de uma pessoa ligada a uma das empresas de ônibus de São Paulo suspeita de integrar a facção criminosa.