Um vigilante do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, deu detalhes sobre o atentado registrado na noite de quarta-feira (13). Ele contou que viu o momento exato em que Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, mais conhecido como Tiu França, jogou explosivos contra a estátua da Justiça, na Praça dos Três Poderes, e depois detonou a bomba que o matou.
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“O indivíduo trazia consigo uma mochila e estava em atitude suspeita em frente à estátua, colocou a mochila no chão, tirou um extintor, tirou uma blusa de dentro da mochila e a lançou contra a estátua. O indivíduo retirou da mochila alguns artefatos e com a aproximação dos seguranças do STF, o indivíduo abriu a camisa os advertiu para não se aproximarem”, relatou o vigilante, segundo o boletim de ocorrência.
“O indivíduo deitou no chão, acendeu o último artefato, colocou na cabeça com um travesseiro e aguardou a explosão”, detalhou a testemunha.
A mesma versão foi dada por Layana Costa, que estava em um ponto de ônibus em frente ao STF. Segundo ela, um homem passou segurando uma sacola e acenou com “um joinha”. Logo ela ouviu o barulho da primeira explosão e, segundos depois, viu o homem jogando algo contra a estátua da Justiça e houve a segunda detonação.
O atentado ocorreu por volta das 19h30. Primeiro foram detonados explosivos em um carro, que estava no estacionamento anexo à Câmara dos Deputados, em frente ao STF. Veja no vídeo abaixo:
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Em questão de 20 segundos depois, houve a segunda explosão já na Praça dos Três Poderes, onde Francisco morreu. O corpo dele passou a noite toda no local e foi liberado para ser recolhido só na manhã desta quinta-feira (14). Ele foi levado para passar por exames necropsiais.
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No momento das explosões, ocorriam sessões de plenário na Câmara, que foi suspensa após a confirmação da morte, e no Senado, que seguiu em andamento. Não houve registro de outras pessoas feridas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não estava no Planalto.
Ainda não há informações oficiais sobre quais artefatos foram usados nas explosões, mas no porta-malas do veículo explodido foram encontrados materiais como explosivos e tijolos, além de outros objetos.
Segundo a Polícia Civil, Francisco alugou uma casa em Ceilândia, no Distrito Federal, alguns dias atrás. A residência ainda passa por perícia, mas no local foram encontrados alguns documentos, como a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) dele. Também foram achados mais explosivos.
A Polícia Federal investiga o caso e fará uma reconstituição, estratégia semelhante à reconstrução de cenário na identificação dos crimes de 8 de janeiro do ano passado, quando os prédios do Três Poderes sofreram ataques golpistas.
Quem era Tiu França?
Francisco morava na cidade de Rio do Sul, em Santa Catarina, onde foi candidato a vereador em 2020, mas não conseguiu se eleger. Ele obteve apenas 98 votos.
Momentos antes do atentado, ele compartilhou mensagens pelo WhatsApp “manifestando previamente a intenção do autor em praticar o autoextermínio e o atentado a bomba contra pessoas e instituições”.
Tiu França também divulgou prints de mensagens que mandava a si próprio com várias ameaças. “Vocês poderão comemorar a verdadeira proclamação da República”, diz uma delas. No post, ele alegou que o “jogo só acaba 16/11/2024″.
“Vamos jogar??? Polícia Federal, vocês têm 72 horas para desarmar a bomba que está na casa dos comunistas de merda: William Bonner, José Sarney, Geraldo Alckmin, Fernando Henrique Cardoso… Vocês 4 são VELHOS CEBÔSOS nojentos”, escreveu ele, em imagem publicada no Facebook.
Em uma outra publicação, Francisco Wanderley apareceu dentro do plenário do STF, em uma ocasião anterior, quando disse que “deixaram a raposa entrar no galinheiro”.