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Ex-mulher afirma que autor de explosões tinha como alvo Alexandre de Moraes: “Queria matar o ministro”

Francisco Luiz, 59, não conseguiu entrar no STF; ele detonou bombas e morreu na Praça dos Três Poderes

Ela foi levada pela PF à delegacia para prestar depoimento.
Ex-mulher diz que autor de explosões na frente do STF queria matar o ministro Alexandre de Moraes (Reprodução)

A ex-mulher de Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, que morreu após detonar bombas em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, diz que ele tinha como alvo o ministro Alexandre de Moraes. Porém, ele não conseguiu entrar no local e faleceu após uma explosão na Praça dos Três Poderes.

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A afirmação da ex-companheira, identificada como Daiane, foi revelada pela jornalista Daniela Lima, da GloboNews. Segundo ela, a mulher foi localizada nesta quinta-feira (14) pela Polícia Federal no interior de Santa Catarina e está sendo levada para uma delegacia para prestar depoimento formalmente. No entanto, ela já afirmou aos agentes que Francisco “queria matar o ministro Alexandre de Moraes e quem mais estivesse junto na hora do atentado”.

Daiane disse que eles estavam separados, mas ela viu quando o homem compartilhou pesquisas que fez no Google para planejar o atentado. Ela afirma que chegou a questioná-lo: “Você vai mesmo fazer essa loucura?”, mas o homem, que integrava grupos radicais, seguiu com o plano.

O ministro Alexandre de Moraes se pronunciou sobre o atentado, quando disse que o ato é resultado do ódio político que se instalou no país nos últimos anos.

“O que ocorreu ontem não é um fato isolado do contexto. [...] Queira Deus que seja um ato isolado, este ato. Mas o contexto é um contexto que se iniciou lá atrás, quando o famoso gabinete do ódio começou a destilar discurso de ódio contra as instituições, contra o Supremo Tribunal Federal, principalmente. Contra a autonomia do Judiciário, contra os ministros do Supremo e as famílias de cada ministro”, disse.

Moraes destacou que as investigações, que começaram a ser feitas pela Polícia Civil, ficarão a cargo da Polícia Federal e do STF.

“Não podemos ignorar o que ocorreu ontem. E o Ministério Público é uma instituição muito importante, vem fazendo um trabalho muito importante no combate a esse extremismo que lamentavelmente nasceu e cresceu no Brasil em tempos atuais. Nós precisamos continuar combatendo isso”, ressaltou o ministro.

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PF ainda investiga as circunstâncias e motivação do ataque
Francisco Wanderley Luiz, o Tiu França, que morreu em explosões em frente ao STF, já tinha sido candidato a vereador em SC, mas não foi eleito (Reprodução/Redes sociais)

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Abalado após separação

O deputado federal Jorge Goetten (Republicanos-SC), que era amigo e ex-colega de partido de Francisco, disse que o homem era “uma pessoa de bem”, mas ficou emocionalmente abalado depois que se separou da esposa.

“Era um grande amigo, pessoa querida, de bem. Foi empresário da minha área, de eventos. A família é do bem em Rio do Sul. Ano passado encontrei ele no meu gabinete, fiquei feliz em recebê-lo. Ficamos batendo papo, trocamos boas lembranças de Rio do Sul. Mas ele me pareceu um pouco abalado. Aparentemente, tinha problema de saúde mental, emocionalmente abalado. Comentou sobre a separação com a mulher dele (...) Nós não tínhamos tanta intimidade pra ele falar da forma como falou”, relatou Goetten em entrevista ao colunista Paulo Capelli, do portal “Metrópoles”.

O político revelou que Francisco chegou a passar no gabinete dele em agosto passado, mas ele não o recebeu e só agora teve conhecimento da visita.

“Soube agora, através da minha equipe, que em agosto deste ano ele passou no meu gabinete e ficou batendo papo com os funcionários. Não falei com ele. Não tinha nada que indicasse uma disposição para a violência. Lamento muito o ocorrido, por ele enquanto ser humano, e também porque poderia ferir outras pessoas. Lamento à sociedade como um todo, à Câmara (...) Ele acessava a Câmara muitas vezes. Lamento muito esse episódio”, destacou o parlamentar.

O atentado

O atentado ocorreu na noite de quarta-feira (13). Imagens de câmeras de segurança mostram o momento exato em que Francisco jogou explosivos contra a estátua da Justiça, na Praça dos Três Poderes. Depois, ele detonou a bomba que o matou (veja no vídeo abaixo):

Primeiro foram detonados explosivos em um carro, que estava no estacionamento anexo à Câmara dos Deputados, em frente ao STF. (veja no vídeo abaixo).

Em questão de 20 segundos depois, houve a segunda explosão já na Praça dos Três Poderes, onde Francisco morreu. O corpo dele passou a noite toda no local e foi liberado para ser recolhido só na manhã desta quinta-feira (14). Ele foi levado para passar por exames necropsiais.

Segundo a Polícia Civil, Francisco alugou uma casa em Ceilândia, no Distrito Federal, alguns dias atrás. A residência ainda passa por perícia, mas no local foram encontrados alguns documentos, como a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) dele. Também foram achados mais explosivos.

A Polícia Federal também investiga o caso e fará uma reconstituição, estratégia semelhante à reconstrução de cenário na identificação dos crimes de 8 de janeiro do ano passado, quando os prédios do Três Poderes sofreram ataques golpistas.

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