O deputado federal Jorge Goetten (Republicanos-SC), que era amigo e ex-colega de partido de Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, mais conhecido como Tiu França, disse que ele “era uma pessoa de bem”, mas estava emocionalmente abalado depois que se separou da esposa. O homem morreu após causar explosões em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília.
Em entrevista ao colunista Paulo Capelli, do portal “Metrópoles”, o deputado contou que Tiu França era muito conhecido e querido na cidade de Rio do Sul, em Santa Catarina. O homem chegou a concorrer como vereador no município, mas não foi eleito.
“Era um grande amigo, pessoa querida, de bem. Foi empresário da minha área, de eventos. A família é do bem em Rio do Sul. Ano passado encontrei ele no meu gabinete, fiquei feliz em recebê-lo. Ficamos batendo papo, trocamos boas lembranças de Rio do Sul. Mas ele me pareceu um pouco abalado. Aparentemente, tinha problema de saúde mental, emocionalmente abalado. Comentou sobre a separação com a mulher dele (...) Nós não tínhamos tanta intimidade pra ele falar da forma como falou”, relatou Goetten.
O político revelou que Francisco chegou a passar no gabinete dele em agosto passado, mas ele não o recebeu e só agora teve conhecimento da visita.
“Soube agora, através da minha equipe, que em agosto deste ano ele passou no meu gabinete e ficou batendo papo com os funcionários. Não falei com ele. Não tinha nada que indicasse uma disposição para a violência. Lamento muito o ocorrido, por ele enquanto ser humano, e também porque poderia ferir outras pessoas. Lamento à sociedade como um todo, à Câmara (...) Ele acessava a Câmara muitas vezes. Lamento muito esse episódio”, destacou o parlamentar.
O atentado ocorreu na noite de quarta-feira (13). Imagens de câmeras de segurança mostram o momento exato em que Francisco jogou explosivos contra a estátua da Justiça, na Praça dos Três Poderes. Depois, ele detonou a bomba que o matou (veja no vídeo abaixo):
O atentado ocorreu por volta das 19h30. Primeiro foram detonados explosivos em um carro, que estava no estacionamento anexo à Câmara dos Deputados, em frente ao STF. (veja no vídeo abaixo).
Em questão de 20 segundos depois, houve a segunda explosão já na Praça dos Três Poderes, onde Francisco morreu. O corpo dele passou a noite toda no local e foi liberado para ser recolhido só na manhã desta quinta-feira (14). Ele foi levado para passar por exames necropsiais.
No momento das explosões, ocorriam sessões de plenário na Câmara, que foi suspensa após a confirmação da morte, e no Senado, que seguiu em andamento. Não houve registro de outras pessoas feridas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não estava no Planalto.
Ainda não há informações oficiais sobre quais artefatos foram usados nas explosões, mas no porta-malas do veículo explodido foram encontrados materiais como explosivos e tijolos, além de outros objetos.
Segundo a Polícia Civil, Francisco alugou uma casa em Ceilândia, no Distrito Federal, alguns dias atrás. A residência ainda passa por perícia, mas no local foram encontrados alguns documentos, como a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) dele. Também foram achados mais explosivos.
A Polícia Federal também investiga o caso e fará uma reconstituição, estratégia semelhante à reconstrução de cenário na identificação dos crimes de 8 de janeiro do ano passado, quando os prédios do Três Poderes sofreram ataques golpistas.
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Quem era Tiu França?
Francisco morava na cidade de Rio do Sul, em Santa Catarina, onde foi candidato a vereador em 2020, mas não conseguiu se eleger. Ele obteve apenas 98 votos.
Momentos antes do atentado, ele compartilhou mensagens pelo WhatsApp “manifestando previamente a intenção do autor em praticar o autoextermínio e o atentado a bomba contra pessoas e instituições”.
Tiu França também divulgou prints de mensagens que mandava a si próprio com várias ameaças. “Vocês poderão comemorar a verdadeira proclamação da República”, diz uma delas. No post, ele alegou que o “jogo só acaba 16/11/2024″.
“Vamos jogar??? Polícia Federal, vocês têm 72 horas para desarmar a bomba que está na casa dos comunistas de merda: William Bonner, José Sarney, Geraldo Alckmin, Fernando Henrique Cardoso… Vocês 4 são VELHOS CEBÔSOS nojentos”, escreveu ele, em imagem publicada no Facebook.
Em uma outra publicação, Francisco Wanderley apareceu dentro do plenário do STF, em uma ocasião anterior, quando disse que “deixaram a raposa entrar no galinheiro”.