O Tribunal de Justiça de São Paulo reverteu uma decisão da Justiça comum que tinha absolvido Marcos Herbas William Camacho, o Marcola, de 56 anos, por crimes de lavagem de dinheiro e ocultação de bens. Assim, o homem, que é apontado como líder máximo da facção Primeiro Comando da Capital (PCC), pegou pena de 6 anos e 4 meses de reclusão em regime fechado. A mulher dele também foi condenada no caso.
Marcola e a esposa foram denunciados pelo Ministério Público por ocultar e dissimular a origem e a propriedade de uma casa de luxo em um condomínio em Carapicuíba, na Grande São Paulo. Conforme a acusação, o imóvel foi adquirido com R$ 1,1 milhão em espécie, que seriam “provenientes, direta ou indiretamente, da prática do crime de integrar e comandar organização criminosa, perpetrado por Marcos Camacho”.
Na época, Marcola disse que a renda usada na compra da casa vinha de um salão de beleza localizado na Zona Norte da Capital. Porém, o MP diz que o valor é incompatível com as atividades desempenhadas pelo estabelecimento e acusou o líder do PCC e sua esposa de usarem o local para lavagem de dinheiro.
O caso foi analisado em primeira instância, quando o juiz entendeu que havia falta de provas e absolveu Marcola e a esposa. Porém, o MP recorreu e o processo foi analisado pela 5ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, que condenou a dupla.
“Marcos Willians e sua esposa Cynthia mantém um estabelecimento comercial de fachada (salão de beleza “Divas Hair”) com o propósito de dar aparência lícita a recursos provenientes de origem ilícita, através das fases da lavagem de dinheiro (colocação, ocultação e integração), sendo o referido salão de propriedade de Cynthia”, diz o acórdão do TJ.
“A informalidade dos valores depositados em espécie é típica da prática de lavagem de dinheiro, eis que Marcos Willians e Cynthia tentaram dissimular os valores depositados em dinheiro de origem ilícita como operações regulares do salão ‘Diva’s Hair’. Em 2018, foram realizados 102 depósitos em dinheiro, cada um no valor de R$ 1 mil. [...] O salão foi constituído com capital social no valor de R$ 1 mil e apresenta estrutura modesta, mas o estabelecimento apresenta grande movimentação bancária com operações que alcançam R$ 1.771.424,94 no cartão de crédito e R$ 1.770.505,59 no débito”, diz um trecho da decisão.
Com isso, Marcola pegou 6 anos e 4 meses de reclusão em regime fechado, enquanto sua esposa recebeu a pena de 4 anos em regime aberto.
A pena do líder máximo do PCC se junta a outros 300 anos de prisão que ele já tinha sido sentenciado por vários crimes. O homem segue cumprindo pena na Penitenciária Federal de Brasília.
A defesa dele e da esposa não foi encontrada para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.
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SP quer manter líder do PCC em presídio federal
Em 2019, Marcola e os outros 14 presos da cúpula do PCC foram transferidos de cadeias de São Paulo para presídios federais. Na época, o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) solicitou a remoção, alegando que, no final de 2018, havia descoberto um plano da facção para resgatar os prisioneiros da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no interior paulista.
A transferência foi realizada, mas o prazo para permanência de Marcola na Penitenciária Federal de Brasília expira na primeira semana de fevereiro de 2025. Assim, a Justiça de São Paulo se antecipou e, no último dia 25, e enviou um ofício à Secretaria Estadual da Administração Penitenciária (SAP) pedindo a extensão desse período.
A Justiça federal também defendeu a permanência de Marcola em presídio em Brasília, entendendo que “o preso exerce papel de líder máximo do PCC” e o risco aumenta se ele for transferido de volta para São Paulo.
Ainda não há previsão de quando a solicitação será analisada pela SAP.