Após a divulgação e as prisões originadas por meio da Operação Contragolpe, deflagrada pela Polícia Federal, a Procuradoria-Geral da República (PGR) estuda realizar uma única acusação criminal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados. De acordo com reportagem do O Globo, a Polícia Federal tem suspeitas de que exista uma “organização criminosa” no entorno o ex-presidente, sendo que esta teria atuado de forma ativa na tentativa de um Golpe de Estado; no ataque a instituições; na venda ilegal de joias; na fraude de cartões de vacinação e realizado atos de espionagem de adversários políticos.
ANÚNCIO
Leia sobre o caso:
- Treinamento rígido e especialização em contraterrorismo: entenda o que são os “kids pretos”
- Veja quem são os presos sob suspeita de tramar a morte de Lula
- Plano para matar Lula, Alckmin e Moraes: PF prende militares das forças especiais que planejaram golpe em 2022
- Grupo chegou a colocar em prática ação contra Alexandre de Moraes
- Ministro revela que “pequeno detalhe” impediu o Golpe de Estado antes da posse de Lula
- Atos golpistas de 08 de janeiro foram orientados por militares envolvidos com o golpe
Segundo a reportagem, a conclusão da PF sobre a tentativa de golpe deverá ser enviada a Paulo Gonet, procurador-geral da República, nos próximos dias. Com isso, seus auxiliares devem avaliar e analisar uma suposta participação de Bolsonaro nas ações, conectando o caso com os outros inquéritos para estabelecer conexões.
Desde a divulgação dos planos golpistas Bolsonaro não se manifestou sobre o caso, mas em momentos anteriores chegou a reforçar que não participou de ações como estas. Apesar disso, em uma entrevista citada pelo O Globo, o ex-presidente afirmou que chegaram a acontecer debates sobre a decretação de “estado de sítio, mas afirmou que discutir a Constituição não é um crime”.
Ataques virtuais a opositores
Conforme os dados do inquérito que levou à prisão de quatro militares e um policial federal na última terça-feira (19), foram levantados “cinco eixos de investigação” envolvendo o ex-presidente e pessoas de seu entorno. Um deles seria a realização de ataques virtuais a opositores, que compõe o inquérito que investiga as milícias digitais.
Segundo a PF, o grupo que tramava o Golpe de Estado teria utilizado o “mesmo modus operandi da milícia digital” responsável por atacar instituições e disseminar informações falsas sobree o processo eleitoral. Além disso, também é investigada a utilização de recursos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para a espionagem ilegal de adversários políticos.
Caso todos os elementos sejam conectados, a PGR ganhará força na argumentação sobre o envolvimento direto do ex-presidente em um plano golpista após as eleições de 2022, podendo até mesmo levar Bolsonaro e pessoas de seu entorno a serem indiciados nos próximos dias. Uma das peças-chave da operação seria Mauro Cid, que pode ter os benefícios da delação premiada anulados e retornar à prisão.