Tainara Azevedo, de 28 anos, mãe do menino que foi amarrado em uma cadeira dentro uma escola em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo, está revoltada com o caso. Ela denunciou o caso à Polícia Civil após receber um vídeo pelas redes sociais e perceber que era o filho a criança que aparecia sendo “castigada”. Após a repercussão do caso, a instituição de ensino informou que demitiu a funcionária por justa causa.
“Colégio nenhum tem direito de castigar a criança”, disse Tainara em entrevista ao UOL. Ela disse que, após descobrir sobre o episódio, soube que a escola tinha o costume de aplicar punições aos alunos.
“Falaram que meu filho estava agitado e que quando eles [alunos] estão agitados, como uma forma de brincadeira, eles os levam para o berçário para entenderem que não são mais bebês, e colocam as crianças no ‘cadeirão’”, relatou.
O caso ocorreu no final de outubro no Colégio Criativa, mas a mãe fez a denúncia de maus-tratos à Polícia Civil no último dia 27, quando recebeu as imagens pelas redes sociais. O vídeo mostra o menino sendo amarrado a uma cadeira com um pano em um corredor da instituição (assista abaixo).
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Conforme o relato da genitora, o menino vinha sofrendo com pesadelos e, em uma determinada noite, chegou a gritar: “Sai tia”. Tudo isso teria começado depois que ele mudou de professora na escola e não queria mais frequentar as aulas.
Depois que recebeu o vídeo de um desconhecido, a mãe perguntou ao filho sobre o que acontecia, quando ele disse que todos os dias ficava de “castigo” durante o intervalo. A pessoa que repassou as imagens disse que a funcionária costumava amarrar o menino na cadeira e gritava muito com ele.
Foi quando a mãe procurou a direção da escola e soube que a professora do filho já tinha relatado o caso, pois viu a funcionária amarrando o menino. Apesar disso, a genitora não foi avisada pelo colégio sobre a situação e decidiu procurar a polícia.
Tainara ressaltou que outras pessoas viram o filho dela sendo amarrado, mas não fizeram nada, já que aquela situação era uma prática “normal” na escola.
“Fizeram uma contenção nele e o deixaram amarrado por muito tempo. Não é só a tia que amarrou ele, são outras funcionárias que passam pelo corredor e não o amparam. A rotina da creche estava acontecendo naturalmente, o que me leva a acreditar que isso acontecia de forma rotineira. Que o cadeirão do castigo era normal, uma forma de disciplina do colégio”, disse a mãe ao UOL.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que um inquérito foi instaurado sobre a denúncia de maus-tratos e as partes envolvidas serão intimadas a prestar depoimento nos próximos dias “visando o esclarecimento dos fatos”.
O que disse o colégio?
Após a repercussão do caso, o Colégio Criativa publicou uma nota nas redes sociais informando que tomou conhecimento da conduta inadequada da funcionária e que ela foi desligada por justa causa. A instituição ressaltou que não compactua com atitudes que não estejam alinhadas aos valores éticos e educacionais que norteiam a instituição.
“Nosso compromisso é sempre com a segurança, o bem-estar e a formação de nossos alunos em um ambiente de respeito e integridade. Estamos à disposição para quaisquer esclarecimentos e agradecemos pela confiança em nosso colégio”, disse a instituição.
O advogado Decio Lencioni Machado, que defende a escola, reconheceu em entrevista ao site G1 que o colégio errou ao não levar o caso ao conhecimento dos pais do garoto. “A própria instituição reconhece essa falta de celeridade, mas eles tentaram apurar o caso rapidamente para que não corresse o risco de isso voltar a se repetir”, ressaltou.