Deputado federal por São Paulo pelo PL desde 2019 e atualmente licenciado, Guilherme Derrite é autor do plano de governo de Tarcísio de Freitas na área de Segurança Pública e foi um dos primeiros nomes a serem anunciados no primeiro escalão, para a pasta. A ideia era passar a imagem de firmeza das forças de segurança pública no estado. Principalmente porque a grande marca da carreira de Derrite, capitão na reserva, foi sua passagem pela Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), tropa de elite da Polícia Militar conhecida por sua ação muitas vezes violenta.
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Tanto que o próprio Derrite, que comandou pelotões da Rota entre 2013 e 2015, acabou deixando a tropa por excesso de letalidade. Segundo oficiais da corporação ouvidos pelo jornal Folha de S.Paulo, seu problema era ter sido retirado pelo grande número de confrontos e de pessoas mortas em serviço.
Em entrevista na internet, o próprio Derrite admitiu que a Rota sempre foi sua paixão, e que excessos o afastaram da tropa. “A real? Porque eu matei muito ladrão”, disse o capitão da reserva, ao ser questionado sobre o motivo que o levou a deixar a tropa. “A real é essa, simples. Pá! Tive muita ocorrência de troca de tiro, eu ia para cima. Quem vai para cima, está sujeito. Troquei tiro várias vezes, uma atrás da outra e isso acabou incomodando, não sei quem, mas veio a ordem de cima para baixo, questão política: ‘tira o Derrite da Rota’. E fui convidado a me retirar.”
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Após a divulgação da reportagem, já secretário, Derrite se limitou a soltar uma nota, em que diz: “Ao longo dos 16 anos dedicados à Polícia Militar do Estado de São Paulo, Guilherme Derrite sempre atuou pautado nas boas práticas institucionais e no respeito absoluto às leis. Foi reconhecido pelo seu trabalho tendo, muitas vezes, colocado sua vida em risco em prol da segurança e do bem-estar da população.”
Sua nomeação teria, segundo oficiais, encarada pela tropa das polícias como uma espécie de “salvo conduto” para a ação mais truculenta, sem punição. Com o aumento de casos de ações violentas, ele se vê agora pressionado, principalmente depois do caso do PM que jogou um homem de uma ponte na zona sul de São Paulo, após uma perseguição de moto. Esse caso, somado a outros, teria irritado bastante o governador Tarcísio de Freitas. Derrite, no entanto, estaria desgastado, mas deve permanecer no cargo. É cotado pelos bolsonaristas para concorrer ao Senado em 2026.