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PM que jogou rapaz de ponte diz à Corregedoria que só queria ‘imobilizá-lo’; demais ficaram em silêncio

Ao todo, 13 agentes foram afastados; jovem Marcelo Amaral, que foi arremessado, teria sofrido ferimentos

Ele e mais 12 agentes foram afastados das ruas
PM flagrado arremessando jovem de ponte, na Zona Sul de SP, diz que só queria 'imobilizá-lo' por causa de resistência à abordagem (Reprodução/X)

O policial militar Luan Felipe Alves Pereira, de 29 anos, que jogou um jovem de uma ponte em Cidade Ademar, na Zona Sul de São Paulo, disse à Corregedoria da PM que o rapaz resistiu à abordagem e ele só queria “imobilizá-lo”. Conforme revelado pela “CNN Brasil”, o policial disse que sua intenção era colocar o suspeito no chão e não jogá-lo no córrego. Já os outros 12 agentes envolvidos na ocorrência ficaram em silêncio nas oitivas. Os 13 foram afastados das atividades nas ruas.

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Conforme a reportagem, todos os policiais militares estiveram na Corregedoria acompanhados de advogados e, enquanto seguem afastados, estão recebendo aulas de temas voltados à questão dos Direitos Humanos.

As defesas dos PMs não foram encontradas para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.

Os agentes passaram a ser investigados depois que o jovem o Marcelo Amaral, de 25 anos, foi jogado de uma ponte na Zona Sul de São Paulo, na madrugada da última segunda-feira (2). Ele teria sofrido ferimentos por conta da ação.

Um vídeo mostra o jovem, que usava uma camiseta azul, em cima de uma ponte ao lado de policiais militares. Em um determinado momento, um dos PMs o segurou, o levou até a barreira de proteção e o arremessou em um rio (assista abaixo):

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Após a divulgação das imagens, o caso gerou muita repercussão. A Corregedoria da Polícia Militar afastou os 13 agentes envolvidos na ocorrência e o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, falou sobre “severa punição”.

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O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) também criticou o caso e afirmou que ele será devidamente apurado.

“A Polícia Militar de São Paulo é uma instituição que preza, acima de tudo, pelo seu profissionalismo na hora de proteger as pessoas. Policial está na rua pra enfrentar o crime e pra fazer com que as pessoas se sintam seguras. Aquele que atira pelas costas, aquele que chega ao absurdo de jogar uma pessoa da ponte, evidentemente não está à altura de usar essa farda. Esses casos serão investigados e rigorosamente punidos. Além disso, outras providências serão tomadas em breve”, escreveu o governador no X.

Já o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, emitiu uma nota pública de repúdio e disse que já designou que o Grupo de Atuação Especial de Segurança Pública (GAESP) integre as investigações a fim de “punir exemplarmente” os policiais envolvidos na abordagem.

Rapaz não tem antecedentes criminais

Pai do rapaz, Antonio Donizete do Amaral afirma que o filho está bem, apesar da violência que viveu, mas questionou a ação do PM e exigiu uma explicação sobre o que o levou a tomar aquela atitude. O genitor ressaltou que o filho trabalha como entregador e não tem antecedentes criminais.

“Ele está bem, mas não conseguimos falar com ele. É inadmissível, não existe isso aí. A polícia está aí para fazer a defesa da população, não fazer o que fez. Trabalhador [o filho], menino que sempre correu atrás do que é dele. Não tem envolvimento, passagem [pela polícia], não tem nada. Queria a explicação desse policial e o porquê ele fez isso”, lamentou Antônio, em entrevista ao “Jornal Nacional”, da TV Globo.

Corregedoria instaurou inquérito para apurar o caso
PM foi flagrado ao arremessar homem dentro de rio na Zona Sul de SP (Reprodução/TV Bandeirantes)

Investigado por homicídio

O policial militar Luan Felipe já esteve envolvido na morte de um suspeito, em 2023. De acordo com o colunista Josmar Josino, do UOL, o PM chegou a ser investigado por homicídio da vítima, morta com 12 tiros, mas foi inocentado.

O suspeito morto foi identificado como Maycon Douglas Valério, de 31 anos. Em março do ano passado, ele passou a ser perseguido pelo PM e outro colega, que integravam as Rondas Ostensivas com Apoio de Moto (Rocam), ao ser flagrado circulando em uma motocicleta em alta velocidade e sem capacete, em Diadema, no ABC Paulista.

Os PMs passaram a perseguir o suspeito, que em um determinado momento, abandonou a moto e tentou fugir a pé. Luan Felipe continuou a acompanhar Maycon, enquanto o colega ficou com as motocicletas. Quando estava na Travessa Espelho Mágico, disse que viu o suspeito armado e mirando em sua direção. Foi quando o agente efetuou 12 tiros e matou o suspeito.

Luan Felipe foi investigado pelo homicídio, mas o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) entendeu que o PM agiu em legítima defesa e no estrito cumprimento do dever e ele foi inocentado.

Em janeiro deste ano, o promotor João Otávio Bernardes Ricupero manifestou-se favorável ao arquivamento do caso, o que foi acatado pelo juiz José Pedro Rebello Giannini, da Vara do Júri de Diadema, no dia 24 daquele mês.

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