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Testemunha fala sobre homem morto em estação de trem em SP: “Não estava violento, apenas assustado”

Vídeo mostrou quando Jadson Vitor De Sousa Pires, de 30 anos, foi agredido e levou chutes na cabeça; ele foi socorrido, mas não resistiu e faleceu

Uma testemunha que estava na estação Carapicuíba da Linha 8-Diamante, da ViaMobilidade, em São Paulo, viu o momento em que Jadson Vitor de Sousa Pires, de 30 anos, foi agredido por seguranças. Apesar da companhia alegar que ele estava “bastante agitado” e que faleceu após um “mal súbito”, o passageiro contesta essa versão e disse que o homem foi tratado com muita violência, em vez de ter sido imobilizado.

“Ele não estava violento, estava apenas assustado. Aparentava com certeza estar drogado ou bêbado, não precisava fazer aquilo que fizeram com ele. Era só imobilizar o rapaz e tentar acalmar ele e tudo resolvia. Ele chegou para nós e pediu ajuda lá, pediu ajuda pra todo mundo e falou assim: ‘quero água. Me dá um copo com água?”, relatou à TV Globo a testemunha, que não quis ser identificada.

Na sequência, Jadson teria falado sobre a filha e demonstrou estar com medo. “Ele pegou, bebeu a água e falou assim: ‘tenho uma filha de 3 anos, não precisa fazer isso comigo’. O que mais me doeu foi quando ele repetiu: ‘tenho uma filha de 3 anos, se eu morrer cuida dela”, relatou a testemunha.

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A pessoa disse, ainda, que viu quando um dos seguranças imobilizou a vítima a pressionando com força contra o chão. “Na hora que deitou ele no chão, botaram o joelho em cima do rapaz, assim. E foi na hora que eu senti aquele peso do corpo caindo no chão e aí eu falei: ‘Já era, mataram o cara’”, disse.

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O caso ocorreu no último dia 11 de novembro, mas só agora as imagens foram reveladas. Os laudos periciais sobre as causas da morte ainda não ficaram prontos, mas um médico legista que participou dos trabalhou revelou que Jadson teve costelas do lado direito quebradas, além de apresentar escoriações no antebraço direito, mão direita e nos dois joelhos.

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que as imagens foram analisadas pela polícia, que intimou os envolvidos para os devidos esclarecimentos sobre os fatos. A pasta destacou, ainda, que os laudos periciais solicitados estão em elaboração e serão anexados ao inquérito assim que concluídos. Por fim, a SSP-SP esclareceu que a natureza inicial da ocorrência poderá ser alterada se surgirem novas evidências.

Já a ViaMobilidade lamentou a morte do passageiro e disse que repudia qualquer forma de violência. Informou também que abriu uma sindicância interna para apurar o caso e que os agentes envolvidos foram preventivamente afastados das funções. A companhia ressaltou que o “homem de camiseta preta é Agente da Guarda Civil que estava em atuação à paisana, sem qualquer relação com a operação da concessionária”.

“A companhia informa que repudia qualquer forma de violência e que o comportamento dos profissionais que atuaram na contenção de Jadson Pires não corresponde aos seus valores, treinamento e padrão dos seus procedimentos de segurança e atendimento. (...) Diante dos recentes acontecimentos, deu início a um processo de reciclagem de 100% do seu quadro de agentes e reforçará a capacitação voltada ao atendimento de pessoas em situação de vulnerabilidade ou sob o efeito de substâncias entorpecentes”, disse a ViaMobilidade.

O que Jadson fazia naquele dia?

Renata Santos de Sousa, viúva de Jadson, contou que o marido tinha sido demitido recentemente e, naquela data, saiu de casa para dar entrada no seguro-desemprego e sacar o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Ela relatou que ele não era usuário de drogas e que “era um trabalhador”.

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“Ele tinha acabado de sair da empresa, tinha 11 dias que ele tinha acabado de sair da empresa. Ele saiu no dia 30 de outubro. Eu só fui conseguir ter contato com ele a tarde, que ele tinha dito que tinham roubado a moto dele. Ele tinha uma moto que foi roubada. Nisso, eu não tive mais contato com ele. Ele desligou o celular”, relatou a esposa.

A mulher disse, ainda, que buscou respostas sobre o que tinha acontecido com Jadson na estação de trem, mas só após ver o vídeo foi entender o que realmente aconteceu.

“Não justifica o que fizeram. Ele podia está ali sob efeito de droga, como estão falando. Podia estar sob efeito de álcool. As pessoas que atenderam ele não tiveram nenhum sentimento humano com ele. De entender, explicar para ele: ‘Olha, eu posso te ajudar?’ Não. Já foram agredindo ele. Eu estou juntando força de onde não tem para correr atrás da Justiça”, lamentou Renata.

Ela ressaltou que Jadson era um ótimo pai de família. “Ele era um paizão. Era um marido muito bom, um cara muito trabalhador, muito esforçado, um ser humano incrível. Ele era tudo para mim e para a minha filha. Hoje está sendo muito difícil tudo o que está acontecendo e o que eu clamo é por Justiça. Ele não merecia isso”, lamentou a esposa.

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