O soldado Luan Felipe Alves Pereira, de 29 anos, que jogou um jovem de uma ponte durante uma abordagem, na Zona Sul de São Paulo, foi preso na manhã desta quinta-feira (5). Ele já estava detido na sede da Corregedoria da Polícia Militar após prestar depoimento, mas agora a Justiça Militar decretou a prisão preventiva. Assim, ele será levado ao Presídio Militar Romão Gomes, que fica na Zona Norte da Capital.
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A defesa do soldado não foi encontrada para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.
Luan Felipe trabalha nas Rondas Ostensivas com Apoio de Moto (Rocam), lotado no 24º Batalhão de Polícia Militar de Diadema, no ABC Paulista. Ao prestar depoimento, ele alegou que não queria arremessar o rapaz, mas sim “imobilizá-lo”. Porém, a Corregedoria pediu à Justiça Militar a prisão preventiva dele.
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No documento em que pediu a prisão do PM, o capitão Manoel Flavio de Carvalho Barros, responsável pelo IPM, detalhou que o agente perseguiu o entregador Marcelo Barbosa Amaral, de 25 anos, após uma abordagem em um baile funk, sendo que, mesmo com o rapaz rendido, o jogou da ponte.
Também é destacado que o soldado confirmou ser ele quem aparece nas imagens e disse que “a projeção seria realizada ao solo”, ou seja, o objetivo dele era jogar o homem no chão.
“Excelência, não há como acolher as declarações apresentadas pelo investigado, pois as imagens largamente difundidas e materializadas no presente feito demonstram conduta errante e inaceitável a quem deveria proteger a integridade de outrem e fazer cumprir a lei”, destacou Barros.
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O pedido foi analisado pela Justiça Militar, que decretou a prisão preventiva do soldado nesta manhã. Sendo assim, ele ficará detido por tempo indeterminado durante a apuração do caso.
Luan Felipe já estava afastado das funções, assim como outros 12 colegas envolvidos na ocorrência.
Inocentado por homicídio
O policial militar Luan Felipe já esteve envolvido na morte de um suspeito, em 2023. De acordo com o colunista Josmar Josino, do UOL, o PM chegou a ser investigado por homicídio da vítima, morta com 12 tiros, mas foi inocentado.
O suspeito morto foi identificado como Maycon Douglas Valério, de 31 anos. Em março do ano passado, ele passou a ser perseguido pelo PM e outro colega, que integravam as Rondas Ostensivas com Apoio de Moto (Rocam), ao ser flagrado circulando em uma motocicleta em alta velocidade e sem capacete, em Diadema, no ABC Paulista.
Os PMs passaram a perseguir o suspeito, que em um determinado momento, abandonou a moto e tentou fugir a pé. Luan Felipe continuou a acompanhar Maycon, enquanto o colega ficou com as motocicletas. Quando estava na Travessa Espelho Mágico, disse que viu o suspeito armado e mirando em sua direção. Foi quando o agente efetuou 12 tiros e matou o suspeito.
Luan Felipe foi investigado pelo homicídio, mas o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) entendeu que o PM agiu em legítima defesa e no estrito cumprimento do dever e ele foi inocentado.
Em janeiro deste ano, o promotor João Otávio Bernardes Ricupero manifestou-se favorável ao arquivamento do caso, o que foi acatado pelo juiz José Pedro Rebello Giannini, da Vara do Júri de Diadema, no dia 24 daquele mês.
Rapaz jogado em ponte se mudou
Parentes e vizinhos do entregador Marcelo afirmam que o rapaz deixou a cidade de São Paulo ainda na terça-feira (3), por medo de represálias. Ele foi jogado da ponte na madrugada de segunda-feira (2).
O vídeo abaixo mostra a ação:
Moradores das proximidades da Rua Padre Antônio Gouveia afirmam que o rapaz estava com a cabeça bastante machucada e saiu caminhando de dentro do Córrego do Cordeiro, após a queda de cerca de três metros.
Pai do rapaz, Antonio Donizete do Amaral afirma que o filho está bem, apesar da violência que viveu, mas questionou a ação do PM e exigiu uma explicação sobre o que o levou a tomar aquela atitude. O genitor ressaltou que o filho trabalha como entregador e não tem antecedentes criminais.
O Ministério Público abriu uma investigação sobre o caso, após uma determinação da Procuradoria-Geral da Justiça. Os promotores do Grupo de Atuação Especial de Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp) também pediram que a Polícia Civil encaminhe, em 24 horas, cópia do boletim de ocorrência e das requisições de todas as perícias solicitadas nesse caso.
Já a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) ressaltou que o “caso também é apurado pela Polícia Civil, por meio da Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (CERCO) da 2ª Seccional. Diligências estão em andamento para a oitiva da vítima e o esclarecimento dos fatos”.