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Santrosa: dois adolescentes são apreendidos suspeitos de torturar e matar cantora trans, no MT

Vítima, que era suplente de vereadora, foi achada em mata decapitada e com braços e pernas amarrados

Polícia ainda apura a motivação do crime
Suplente de vereadora Santrosa (PSDB), mulher trans e cantora, foi encontrada sem vida com mãos e pés amarrados no município de Sinop, em MT (Reprodução/Instagram)

A Polícia Civil apreendeu dois adolescentes suspeitos de torturar e matar a empresária, cantora e suplente de vereadora Santrosa (PSDB), de 27 anos, em Sinop, no Mato Grosso. A vítima foi achada sem vida em uma área de mata, decapitada e com braços e pernas amarrados, em novembro passado. Os menores confessaram a autoria do crime e deram detalhes de como a mataram, após receberem ordem de um líder de uma facção criminosa.

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Familiares denunciaram que Santrosa sumiu após sair de casa na manhã do último dia 9 de novembro. Ela tinha um show marcado para aquela noite, mas não retornou e não compareceu ao compromisso. Assim, ela passou a ser procurada, mas já foi achada morta em uma mata, na manhã do dia seguinte.

O caso passou a ser investigado e o delegado Braulio Junqueira, da Divisão de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), disse que a polícia tinha indícios que apontavam que Santrosa não foi vítima de um crime de transfobia, mas sim tenha sido executada a mando de integrantes da facção Comando Vermelho (CV).

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As investigações avançaram e os policiais chegaram até os suspeitos pelo crime. A Justiça expediu mandados de busca e apreensão, além de cinco de prisão temporária e internação. Uma operação foi deflagrada na quinta-feira (17), quando os dois adolescentes foram encontrados e apreendidos.

Ao serem ouvidos, eles confessaram a participação na tortura e morte da cantora. Conforme os menores, ela foi flagrada ao repassar informações sobre a facção criminosa a outras pessoas e, por isso, a morte dela foi determinada.

Assim, na manhã do dia 9 de novembro, eles renderam Santrosa na casa em que ela morava, onde roubaram itens como perfumes, dinheiro e entorpecentes. De lá, a levaram até outro imóvel e a mantiveram em cárcere privado, enquanto iniciaram as sessões de tortura e faziam transferências bancárias via Pix. Quando escureceu, os menores disseram que a levaram até a mata, onde a executaram.

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A polícia diz que, além dos adolescentes, mais três pessoas tiveram envolvimento na morte da cantora. Os demais suspeitos ainda são procurados.

Cantora trans Santrosa
Cantora trans Santrosa foi encontrada morta com sinais de violência, em MT, em novembro passado (Reprodução)

Quem era Santrosa?

Gabriel Santos da Rosa, a Santrosa, era uma mulher trans. Como cantora, ela mantinha um canal no YouTube, onde compartilhava suas músicas e apresentações. Ela era seguida por mais de 4 mil inscritos. Já no Instagram, ela era seguida por mais de 11 mil pessoas.

Nas últimas eleições, ela concorreu ao cargo de vereadora pelo PSDB, defendendo pautas voltadas à cultura para comunidades periféricas do município. Ela não foi eleita, mas ficou como suplente.

Ao fim das eleições, ela fez postagens nas redes sociais nas quais destacou que, caso conseguisse ocupar uma cadeira na Câmara Municipal de Sinop, seria a primeira mulher trans a obter o feito.

Em nota publicada nas redes sociais logo após o falecimento da artista, a Associação da Parada do Orgulho LGBTQIA+ de Mato Grosso lamentou a morte e disse que acionou o Grupo Estadual de Combates aos Crimes de Homofobia do estado. A entidade ressaltou que vai cobrar as autoridades para a devida apuração do crime.

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