A Justiça do Amazonas condenou Cleusimar Cardoso e seu filho, Ademar, por tráfico de drogas e associação para o tráfico. Eles são mãe e irmão da empresária e ex-sinhazinha do boi-bumbá Garantido Djidja Cardoso, de 32 anos, que foi encontrada morta em Manaus, em maio passado. O laudo oficial sobre o óbito ainda não foi concluído, mas a suspeita é que tenha ocorrido por conta de uma overdose de cetamina, substância que era adquirida pelos familiares em uma seita.
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O caso foi analisado pelo juiz Celso de Paula, da 3ª Vara de Delitos de Tráfico de Drogas do Amazonas (VDTD), que condenou Cleusimar e Ademar, além de mais cinco pessoas. Outras três foram absolvidas no processo por falta de provas.
Conforme a decisão, tomada na terça-feira (17), mãe e filho pegaram 10 anos, 11 meses e 8 dias de reclusão. Os demais condenados por tráfico de drogas e associação para o tráfico, que também foram sentenciados ao mesmo período de prisão, foram:
- José Máximo Silva de Oliveira, dono de uma clínica veterinária que fornecia a cetamina à família de Djidja;
- Sávio Soares Pereira, sócio de José Máximo na clínica veterinária;
- Hatus Moraes Silveira, personal da família da ex-sinhazinha;
- Verônica da Costa Seixas, gerente de uma rede de salões de beleza da família;
- Bruno Roberto da Silva Lima, ex-namorado de Djidja.
Dos sete condenados, apenas Verônica e Bruno Roberto cumprem liberdade provisória e poderão recorrer fora da cadeia. Já os demais, incluindo Cleusimar e Ademar, seguem presos.
As defesas dos condenados não foram encontradas para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.
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Morte de Djidja Cardoso
A polícia encontrou um vídeo gravado no dia 27 de maio deste ano, quando Djidja apareceu deitada em uma cama, segurando uma seringa em uma das mãos e, na outra, um frasco de cetamina.
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Na ocasião, Bruno Lima, ex-namorado dela, apareceu tentando pegar o vidro, quando disse: “Me dá, tá bom já. Olha como você está”, afirmou ele, sendo que na sequência a ex-sinhazinha pergunta o porquê. “Você vai quebrar (...) olha como você está, por favor, solta, a sua mão está dura”, ressaltou o rapaz.
Já na madrugada do dia 28 de maio, Djidja apareceu em outra gravação procurando a tampa da seringa na cama. Bruno afirmou que queria dormir e como resposta, ouviu: “eu vou me aplicar”. Logo depois, o ex-namorado disse: “Eu tentei”, enquanto a ex-sinhazinha pergunta “tentou o quê?”, e ele respondeu: “Te salvar. Mas olha aí como tu tá. Tu não quer parar de usar isso.”
Naquela mesma madrugada a empresária foi encontrada morta. Ela também era investigada por envolvimento em um esquema de compra, distribuição e aplicação da substância cetamina.
Após a morte da filha, Cleusimar disse que estudou sobre sobre psicodélicos e como eles poderiam ajudar a tratar depressão e ansiedade, assim, descobrindo a cetamina. Ela revelou que também começou a usar após a morte de sua mãe, pois, junto com a maconha, a ajudava no tratamento da ansiedade. A mulher disse que Djidja também fazia o uso terapêutico da substância.
Porém, um laudo preliminar apontou que a ex-sinhazinha sofreu um edema cerebral, que afetou o funcionamento dos pulmões e coração. A suspeita é que uma overdose por cetamina tenha agravado o quadro de saúde. O laudo oficial ainda não foi divulgado.
Prisão da mãe e irmão
Após se aposentar da função de sinhazinha, Djidja fundou um salão de beleza, chamado Belle Femme, com a mãe e o irmão. Segundo a polícia, a suspeita é que eles usassem o estabelecimento para o comércio dos entorpecentes.
Conforme a investigação, a família de Djidja era responsável pela seita “Pai, Mãe e Vida”, que promovia o uso e comercialização da cetamina, em Manaus. O grupo também fazia aplicação forçada da substância em integrantes e obrigavam os funcionários do Belle Femme a participar da doutrina.
Dois dias depois da morte da ex-sinhazinha, Cleusimar e Ademar foram presos. Na sequência, o ex-namorado de Djidja e o coach da família Cardoso, Hatus Silveira, também acabaram detidos. Além deles, foram presos dois funcionários da clínica veterinária suspeita de fornecer cetamina à família. Já o dono da clínica se entregou após ter a prisão decretada pela Justiça.
O Ministério Público do Amazonas denunciou o grupo por tráfico de drogas, o que foi acatado pela Justiça, em julho deste ano. Assim, eles viraram réus e aguardavam pelo julgamento, sendo que agora foram condenados.
Também eram réus Emicley Araujo Freitas Júnior, que é ex-funcionário da clínica que fornecia a droga, e Claudiele Santos da Silva e Marlisson Vasconcelos Dantas, ex-funcionários do salão de beleza da ex-sinhazinha, mas todos foram absolvidos por falta de provas.