Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella Nardoni, morta e jogada de um prédio em 2008, em São Paulo, falou como mantém viva a memória da menina entre os irmãos mais novos, que nem chegaram a conhecê-la. Em entrevista ao programa “Amar”, do Universa (UOL), ela disse que os pequenos sabem que tiveram uma irmã e que ela morreu, mas sem muitos detalhes do ocorrido.
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“Quando eles veem uma estrela, é ela. Se a gente está indo viajar e tem uma estrela, a Isabella está indo com a gente”, disse Ana Carolina, que foi eleita a segunda vereadora mais bem votada na capital paulista.
Ela explicou que faz o possível para que os filhos Miguel, de 8 anos, e a Maria Fernanda, de 4, levem uma vida tranquila, sem serem marcados em todos os lugares como os irmãos de uma vítima de um crime hediondo.
“Achei importante que eles tivessem a oportunidade de serem eles e não os irmãos da Isabella, e é assim que eles vivem. Tento levar essa maternidade leve, deixar eles viverem e serem crianças”, disse.
Apesar disso, detalhou que a família mantém um mural com várias fotos de Isabella, o que faz com que a memória dela esteja sempre presente. “Na casa da minha mãe tem uma parede com mais de 130 fotos minha e dela, o Miguel fica sentado olhando”, conta.
Se não tivesse sido morta, Isabella estaria atualmente com 22 anos. Ana Carolina ressalta que, apesar da passagem do tempo, o sentimento de falta da filha segue sendo o mesmo. “Ela jamais vai ser esquecida”, garantiu.
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Férias do pai condenado
Recentemente, Ana Carolina criticou o fato da Justiça ter liberado Alexandre Nardoni, condenado a 30 anos de prisão pela morte da filha, a passar as festas de fim de ano e férias no Guarujá, no litoral de São Paulo. A defesa do ex-detento fez o pedido, alegando que faz parte da ressocialização que ele possa “estabelecer um convívio mais próximo dos filhos”, o que foi acatado.
“É inegável meu sentimento de indignação e de revolta em relação a isso. São pessoas preocupadas com a liberdade deles enquanto eu mais um Natal sem minha filha. Parece que essas datas comemorativas se tornam piores. A dor cicatriza, mas a memória é latente”, disse Ana Carolina, em entrevista ao programa “Brasil Urgente”, da TV Bandeirantes.
“Eu fico indignada. Eu vejo que eles [condenados] têm mais benefícios que nós. Podem ir aonde querem, por que não tem uma Justiça que nega um pedido desse. Isso indigna uma sociedade também”, ressaltou Ana Carolina.
Alexandre, que cumpre pena em regime aberto desde maio passado, entrou com o pedido para que ele passasse o fim de ano e as férias no Guarujá, uma vez que, como medida cautelar, ele não pode se ausentar o endereço em que mora sem a devida autorização judicial.
O pedido foi analisado pela juíza Gabriela Marques da Silva Bertoli, que liberou que o ex-detento fique entre os dias 23 de dezembro a 3 de fevereiro em uma mansão da família em um condomínio de luxo no Jardim Acapulco, no Guarujá. Apesar disso, ele terá que seguir algumas regras, como não frequentar bares ou casas de jogos, além de ter que permanecer em casa entre 20h e 6h.
A defesa do condenado não foi encontrada para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.
Morte de Isabella
Isabella Nardoni tinha cinco anos quando foi jogada pelo pai e pela madrasta, Anna Carolina Jatobá, da janela de um apartamento que ficava no sexto andar do Edifício London, no dia 29 de março de 2008, segundo a Justiça.
Inicialmente eles alegaram que foi uma queda acidental, mas a investigação apurou que a criança apresentava marcas de que tinha sido agredida e morta antes de ser arremessada.
O Ministério Público destacou durante o julgamento do casal que as provas periciais obtidas pela Polícia Civil não deixavam dúvidas sobre a autoria do assassinato. A acusação destacou que a madrasta esganou Isabella e, em seguida, o casal cortou a tela de proteção da janela e o pai jogou o corpo da criança.
Além do pai ter sido condenado, a madrasta pegou 26 anos e oito meses pela morte da enteada, mas também cumpre pena em regime aberto atualmente.