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Estudante terá o 1º Natal em casa após ficar em estado vegetativo depois de cirurgia; relembre o caso

Larissa Moraes de Carvalho, 31, teve complicações ao operar a mandíbula há 1 ano e 9 meses; parentes ainda lutam por tratamento

A estudante de medicina Larissa Moraes de Carvalho, de 31 anos, terá o primeiro Natal em casa após ficar em estado vegetativo depois de passar por uma cirurgia ortognática, para corrigir alterações na mandíbula. Um ano e nove meses após o procedimento, a família ainda luta para entender o que aconteceu para levar ao quadro de saúde da jovem e também para que ela tenha um tratamento de neuromodulação pelo plano de saúde.

Em entrevista ao site G1, o pai de Larissa, Ricardo Carvalho, contou que a família sempre teve o costume de comemorar o Natal. Ano passado, no entanto, como a filha estava hospitalizada, a data passou batida.

“No ano passado, não tivemos Natal. Passamos dentro de um hospital, pois ela ainda estava internada após as complicações da cirurgia. Não houve comemoração, foi um Natal em branco, que não existiu”, lamentou.

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Larissa atualmente deixou o hospital e segue recebendo cuidados multidisciplinares em casa. Assim, desta vez, a família vai sim ter uma comemoração.

“Sempre comemoramos o Natal aqui em casa, tínhamos o costume de reunir quase 30 pessoas, fazíamos amigo oculto e tudo mais. Era um momento feliz, animado e descontraído. Este ano, terá que ser uma ceia restrita, com menos pessoas, e em um horário em que a Larissa consiga participar”, ressaltou o pai.

Ricardo lamentou o fato de que até agora não há respostas sobre o que causou a parada cardiorrespiratória que a filha sofreu depois da cirurgia ortognática, o que levou às complicações posteriores. Além disso, também seguem na espera da ação judicial que pede que o plano de saúde custeie um tratamento chamado de neuromodulação, que consiste em modular a atividade do sistema nervoso por meio de estimulação elétrica fraca ou magnética.

“A vida da nossa família mudou completamente com o ocorrido, e nos concentramos em buscar a melhora dela”, disse o pai.

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Relembre o caso

Larissa tinha a indicação de realizar a cirurgia ortognática desde a adolescência, mas, já adulta, passou três anos pesquisando sobre o assunto. A operação foi realizada no dia 16 de março de 2023, na Santa Casa de Juiz de Fora, em Minas Gerais.

Conforme a família, após a cirurgia, Larissa foi levada a um quarto no 9º andar da Santa Casa, mas logo sofreu uma parada cardiorrespiratória. “Larissa chegou ao quarto já desacordada, quando me pediram para sair rapidamente. Minutos depois começaram a chegar muitos profissionais. Foram os piores momentos da nossa vida, pois ninguém nos dava respostas do que aconteceu na cirurgia”, relatou o pai.

Conforme a família, o prontuário médico indicava que a jovem saiu da sala de Recuperação Pós-anestésica (RPA) às 17h45, quando foi levada ao quarto. Quando chegou lá, às 18h02, já estava em parada cardiorrespiratória. Durante o percurso, que levou 17 minutos, nenhum profissional teria notado que algo estava errado com Larissa, que acabou com lesões neurológicas.

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Depois disso, a jovem ficou em estado vegetativo. “Ela não está se comunicando. Em alguns momentos, ela até busca fonte sonora. A gente chama, ela vira o pescoço, e olha. Tem horas que parece que está em outro mundo. Tem momentos mais presentes, com o olhar. Ela não mexe, não se movimenta”, falou a mãe da jovem, a coordenadora pedagógica Maria Cristina de Carvalho.

Depois do episódio, Larissa ficou um mês internada no Centro de Terapia Intensiva (CTI), onde foi diagnosticada com pneumonia e infecção urinária. Depois disso, foi levada para um quarto, onde permaneceu até março deste ano, quando teve alta.

A família conseguiu na Justiça que o plano de saúde custeie o homecare para a jovem, mas recebeu a negativa sobre a neuromodulação e entrou com a ação judicial.

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Investigação

Os pais contam que chegaram a marcar uma reunião com a direção da Santa Casa de Juiz de Fora, mas não tiveram respostas sobre o que aconteceu com Larissa. Eles pediram para ver as imagens de câmeras de segurança, mas disseram que isso só seria possível por meio de ação judicial. A família, então, entrou com uma ação e, em resposta, o hospital disse que “as imagens prescreveram”.

Dessa forma, os pais procuraram o Ministério Público de Minas Gerais e denunciaram o caso. Em setembro de 2023, o promotor Jorge Tobias de Souza determinou a abertura de investigação pela Polícia Civil e o encaminhamento do caso ao Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais.

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Procurada na época, a Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora informou que, uma vez já instaurada ação na Justiça, “o hospital não fará quaisquer comentários sobre o assunto fora dos autos”. “Reiteramos nosso compromisso com a transparência e a qualidade no atendimento prestado à toda comunidade ao longo de nossa história, que soma quase dois séculos”, disse a unidade de saúde.

Já o Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais ressaltou que o caso é investigado, “sendo respeitada a ampla defesa e o contraditório”. O órgão explica, ainda, que “todos os procedimentos tramitam sob sigilo, conforme previsto no Código de Processo Ético-Profissional.”

A Polícia Civil, por sua vez, segue investigando o caso e já colheu depoimentos de testemunhas. Porém, não repassou outros detalhes para não atrapalhar os trabalhos.

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