A família da jovem Lorena Ribeiro Rodrigues, de 25 anos, que morreu na queda da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que liga as cidades de Aguiarnópolis, no Tocantins, e de Estreito, no Maranhão, está “dilacerada” com a perda. Ela, que deixou o marido e dois filhos, de 7 e 9 anos, tinha sido aprovada para estudar medicina, mas sonhava mesmo em cursar direito.
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“Tinha passado no vestibular de medicina em Araguaína, porém seu sonho era fazer direito e ela ia fazer o vestibular e seguir para fazer direito. Ela era uma mulher única, forte, decidida e batalhadora. Sempre foi esperta”, contou Amanda Rodrigues, irmã da vítima, em entrevista ao G1.
Segundo a irmã, Lorena era natural de Estreito, mas vivia em uma fazenda em Aguiarnópolis, onde também moravam seus pais. Eles estão muito abalados com o falecimento da filha. “Minha mãe está dilacerada, não consegue ficar em pé, as pernas não tem forças. Nosso pai está dilacerado, triste. Disse que perdeu sua pequena Lorena, mas que não perdeu sua fé em Deus”, relatou.
Ainda segundo Amanda, a irmã seguia em uma motocicleta com destino a Estreito, quando passava pela ponte e houve o desabamento, na tarde do último domingo (22). Logo após o início das buscas, o corpo dela foi localizado. O enterro ocorreu na terça-feira (24), em Aguiarnópolis.
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Outras vítimas
A queda da ponte também matou mais três pessoas, sendo que os corpos foram encontrados por equipes que trabalham nas buscas desde a data da tragédia. São elas:
- Kecio Francisco Santos Lopes, de 42 anos, motorista de um caminhão;
- Lorranny Sidrone de Jesus, de 11 anos, que seguia em um caminhão que transportava portas de MDF;
- Andreia Maria de Sousa, de 45 anos, motorista do caminhão que levava ácido sulfúrico.
Treze pessoas seguem desaparecidas e ainda são procuradas. Pelo menos 11 mergulhadores da Marinha foram enviados para o local para as buscas, mas os trabalhos dentro da água foram suspensos até que a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) faça a análise da água para confirmar se o rio foi ou não contaminado pelos produtos tóxicos.
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Isso pelo fato de que dois caminhões que transportavam 76 toneladas de ácido sulfúrico e 22 mil litros de defensivos agrícolas caíram no rio e, como os produtos são tóxicos e corrosivos, há riscos. Dessa forma, os socorristas percorrem a região em botes e lanchas.
Investigações
Na terça-feira (24), a Polícia Federal (PF) informou que assumiu as investigações do desabamento e vai usar drones subaquáticos para ajudar a localizar as vítimas. O trabalho será realizado pelo Núcleo de Polícia Marítima da corporação, que fará uma varredura no Rio Tocantins.
A equipe, composta por dois engenheiros civis, dois especialistas em local de crime e um especialista em meio ambiente, devem chegar ao local nesta quarta-feira (25).
Já o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) disse que o vão central, que representa uma área de 533 metros de extensão, cedeu. O órgão destacou que também vai apurar as circunstâncias do incidente.
Conforme o colunista Tácio Lorran, do “Metrópoles”, um documento do DNIT, expedido em janeiro de 2020, já apontava “vibrações excessivas” da Ponte Juscelino Kubistchek.
Na ocasião, a análise também identificou danificações no balanço lateral da ponte e irregularidades na geometria das lâminas, sendo que os pilares achatados que sustentavam a estrutura estavam tortos, o que era possível ver a olho nu. Além disso, expôs que as armaduras (ferragens) se encontravam expostas e corroídas. Havia fissuras em todos os pilares.
O documento foi anexados a um edital de R$ 13 milhões lançado pelo DNIT, em maio deste ano, para a contratação de empresa para a revitalização da ponte. Porém, a licitação foi fracassada, sem que nenhuma empresa tenha vencido.
O Ministério Público Federal (MPF), por sua vez, disse que vai apurar os danos ambientais causados pela queda da ponte.