Estudos recentes realizados por pesquisadores no litoral de São Paulo revelaram que a presença de cocaína e fármacos concentrados na água do mar pode estar causando alterações no DNA de mexilhões e ostras da região. Desde o ano de 2014, pesquisadores que realizam o monitoramento das águas da baía de Santos detectaram a presença de cocaína e fármacos concentrados em determinadas áreas e seguem acompanhando os impactos causados por tais componentes nas águas do mar.
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Conforme publicado pelo G1, a recente descoberta de uma série de pinos de cocaína na rede de esgoto do litoral de São Paulo não foi uma novidade para os pesquisadores envolvidos no monitoramento. Em declaração ao veículo, o professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Camilo Dias Seabra Pereira, que coordena os estudos relacionados à presença de cocaína no mar, a situação não causa estranheza e evidencia o uso do entorpecente na região da Baixada Santista.
A pesquisa realizada por Pereira desde 2014 aponta a presença de substâncias como cocaína e fármacos concentrados na água do mar ao longo de todo o ano. No entanto, estudos recentes também revelaram parte dos impactos causados ao ecossistema.
Alterações em mexilhões e ostras
De acordo com a publicação, pesquisadores encontraram níveis de cocaína e benzoilecgonina (substância derivada da droga que é liberada pelo organismo) em mexilhões de três praias da região de Santos, São Vicente e Guarujá. Além disso, as mesmas substâncias foram encontradas em amostras de areia e água das praias em questão.
Segundo a pesquisadora Mayana Karoline Fontes, foi possível identificar alterações no DNA dos mexilhões coletados nas praias durante a primavera, período em que eles se reproduzem. Na mesma época do ano, foram confirmadas a presença das substâncias na água.
Assim como os mexilhões, ostras coletadas na região também apresentaram alterações em seu DNA, resultando no “aumento do estresse, em um sistema antioxidante ineficiente e em danos a membranas”, conforme a pesquisadora Andressa dos Santos Barbosa Ortega.
Para Pereira, que coordenou ambas as pesquisas, a identificação em questão torna os animais impróprios para consumo. “Não só do ponto de vista químico, mas microbiológico, esses animais não têm qualidade para o consumo humano”, afirma o coordenador. Apesar disso, o grupo segue pesquisando sobre o impacto e riscos relacionados ao consumo de pescados contaminados pela droga.