Não era o peixe. O laudo pericial do Instituto de Medicina Legal (IML) sobre a comida que foi ingerida pela família que foi envenenada no dia 1º de janeiro revelou que o veneno estava no baião de dois (arroz preparado com feijão) que havia sido preparado pela família no dia anterior. Com o resultado, a polícia investiga o caso como um homicídio.
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O caso aconteceu em Parnaíba, no Norte do Piauí. Depois do almoço do dia 1º de janeiro, nove pessoas de uma mesma família foram hospitalizadas com sintomas de envenenamento. Um rapaz de 18 anos e um bebê morreram, e três pessoas continuam internadas: uma mulher e suas duas filhas.
Segundo o médico Antônio Nunes, diretor do IML, o veneno foi colocado em grande quantidade no baião de dois. Segundo ele, estava em todo o arroz, em grânulos visíveis.
Já no peixe que foi servido, nada foi encontrado. A princípio, suspeitou-se que os peixes tivessem envenenados ou mesmo estragados, mas o exame pericial afastou essa possibilidade, e as pessoas que doaram os peixes à família não são mais considerados suspeitas pela polícia.
A substância encontrada foi o veneno “terbufós”, da classe dos organofosforados, utilizado como inseticida e nematicida (pragas de plantas). Ele ataca o sistema nervoso central e a comunicação entre músculos, causando tremores, crises convulsivas, falta de ar e cólicas. Os efeitos aparecem pouco tempo depois da exposição ao veneno, e os efeitos podem deixar sequelas neurológicas e causar a morte.
A substância é a mesma que foi usada para envenenar, em 2024, dois meninos de 7 e 8 anos da mesma família. Os dois meninos comeram cajus contaminados com a substância que foram dados a eles por uma vizinha. A mulher está presa por homicídio qualificado.
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Agora, a Polícia Civil investiga como o veneno chegou ao baião de dois. O delegado Abimael Silva acredita que é impossível ter ido parar lá sem intenção de alguém.
O caso
No dia 31 de dezembro de 2024, noite de Réveillon, a família preparou uma ceia para comemorar a virada: carne, feijão tropeiro e baião de dois. Todos comeram, se divertiram e, de madrugada, alguns foram dormir e outros voltaram para suas casas.
No dia seguinte, 1º de janeiro, eles retornaram à casa, e havia sobrado parte do baião de dois.
Pela manhã, um casal que realiza um trabalho social de doação de alimentos passou pela casa e doou para a família parte dos peixes que haviam doado também para outras casas da região.
A família então fritou os peixes e serviu no almoço do dia 1º, para acompanhar o baião de dois. Poucos minutos depois, começaram a sentir os efeitos do envenenamento.
Segundo o delegado, o veneno foi colocado no arroz no dia 1° de janeiro, porque a família comeu o mesmo prato, da mesma panela, na noite de Réveillon.
De acordo com o delegado, no dia 31, a família fez o baião de dois e consumiu, mas ninguém passou mal. Só depois do meio dia do dia 1º começaram a sentir os efeitos.
Com a conclusão dos laudos, os investigadores buscam descobrir quem cometeu o crime: se foi alguém da família ou se outra pessoa entrou na casa sem ser percebido e envenenou o baião de dois.
Ao todo, nove pessoas de uma mesma família passaram mal e foram hospitalizadas na última quarta-feira (1º) após comerem o almoço do dia 1º de janeiro. Duas morreram: um bebê de um ano e oito meses e um jovem de 18 anos.
Duas crianças, de 3 e 4 anos, foram transferidas na sexta-feira (3) para o Hospital de Urgência de Teresina (HUT). A mãe delas, Francisca Maria da Silva, de 32 anos, segue internada no Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (Heda), em Parnaíba.
Outros dois parentes delas, um homem de 53 anos e uma criança de 11, receberam alta na sexta.