O homem preso por suspeita de matar ao menos quatro pessoas da mesma família envenenadas em Parnaíba (PI) sentia “ódio dos enteados”, afirmou a polícia. Dois deles morreram, assim como duas crianças da mesma família.
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Francisco de Assis Pereira da Costa teria chamado os enteados de “primatas” e de pessoas que “viviam como uma tribo”, segundo a polícia. Se referindo especificamente a Francisca Maria da Silva, que morreu nessa terça-feira (7), ele disse em depoimento aos policiais que ela era “uma criatura de mente vazia” e que “sentia nojo e raiva dela”, afirmou o delegado Abimael Silva.
Dois dos enteados de Francisco morreram envenenados. O homem de 53 anos foi internado após o envenenamento, mas sobreviveu. Ele teve prisão temporária, com prazo de 30 dias, decretada para “segurança da família”, mas a investigação do crime continua, explicou a corporação.
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Contradições entre depoimento do homem e das outras vítimas também chamaram atenção. Segundo o delegado Abimael Silva, Francisco mudou a versão sobre o crime três vezes e foi o único familiar com história diferente das contadas pelos outros moradores da casa.
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A polícia suspeita que o homem tenha escondido o veneno em um baú que ficava ao lado do fogão. Segundo o delegado, ninguém tinha acesso a esse baú. Era o único lugar da casa possível para esconder uma coisa que ninguém saberia.
Francisco enviou uma coroa de flores para o velório da enteada. Ao chegar à delegacia, o homem afirmou que “ainda estava devendo” as coroas de flores das duas crianças que morreram envenenadas. Mas ele nega o crime. Disse que “Deus” e “a justiça” mostrarão o verdadeiro culpado.
A prisão de Francisco foi feita um dia após enteada dele morrer. Francisca Maria da Silva, 32, estava internada em Parnaíba e morreu na madrugada dessa quarta-feira (7). O irmão de Francisca, Manoel Leandro da Silva, de 18 anos, foi o primeiro a falecer, ainda a caminho do hospital, no dia 1º. Outras duas crianças, um bebê de um ano e uma menina de três anos, também morreram.
A menina é filha de Francisca Maria da Silva, tem quatro anos e está no Hospital de Urgência de Teresina.
O caso
Nove pessoas de uma mesma família passaram mal após comerem as sobras da ceia de Ano Novo no último dia 1º de janeiro. Quatro morreram, quatro receberam alta e uma segue internada, segundo a SSP.
Arroz envenenado causou as mortes, diz laudo. Substância encontrada no chumbinho estava presente na comida, informou a Polícia Científica. Um componente chamado terbufós, também encontrado em pesticidas e agrotóxicos, foi achado no arroz consumido na casa, mostrou o laudo.
A perícia descartou a possibilidade de que peixes doados à família estivessem envenenados. O casal que fez a doação foi ouvido pela polícia, mas não é considerado suspeito do crime, já que também doou peixes a outras famílias e consumiu o alimento em casa, sem qualquer problema.
A suspeita é de que o alimento tenha sido contaminado na madrugada. O mesmo arroz que foi consumido no dia 1º pela família foi usado na ceia de fim de ano no dia anterior, quando ninguém passou mal. “Todo mundo dormindo. Tem capacidade de ter entrado alguém aqui e colocado esse veneno nas comidas”, afirmou Maria dos Aflitos, matriarca da família, ao Fantástico.
Familiares apresentaram os mesmos sintomas. Segundo o delegado Abimael Silva, eles tiveram frequência cardíaca abaixo do normal e sudorese intensa, sinais de envenenamento.