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Justiça de SP nega prisão de PM que matou estudante de medicina com tiro à queima-roupa

Jovem Marco Aurélio Acosta, 22, foi baleado pelo soldado Guilherme Macedo durante abordagem em novembro passado

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) negou o pedido de prisão preventiva do policial militar Guilherme Augusto Macedo, que atirou à queima-roupa e matou o estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, em novembro do ano passado. A juíza Luciana Scorza entendeu que o PM é réu primário, tem residência fixa e não tentou interferir nas investigações do caso, podendo, assim, responder ao processo criminal em liberdade.

A prisão tinha sido pedida pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), que investigou o caso e concluiu que, apesar de Marco Aurélio ter resistido à abordagem policial, o agente “assumiu o risco do resultado morte, porque usou ilegitimamente a arma de fogo para repelir uma suposta ameaça”.

Apesar do argumento, magistrada entendeu que ele pode continuar em liberdade durante o andamento do processo, desde que compareça em juízo sempre que solicitado. A decisão saiu na segunda-feira (13).

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Guilherme já havia sido indiciado no Inquérito Policial Militar (IPM) por homicídio doloso e permanece afastado das atividades, assim como o colega de farda que o acompanhava na ocorrência.

A defesa do PM não foi encontrada para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.

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Relembre o caso

O estudante de medicina foi morto com um tiro à queima-roupa durante uma abordagem policial, na madrugada do dia 20 de novembro de 2024. O incidente ocorreu na escadaria de um hotel na Rua Cubatão, na Vila Mariana (veja o vídeo abaixo).

Marco Aurélio, estudante da Universidade Anhembi Morumbi, foi abordado por policiais militares durante um patrulhamento na região. De acordo com o boletim de ocorrência (BO), o jovem teria dado um tapa no retrovisor da viatura policial e fugido em seguida, entrando no Hotel Flor da Vila Mariana, onde estava hospedado com uma mulher.

Segundo os policiais na ocorrência, Marco Aurélio estava “bastante alterado e agressivo”, e teria resistido à abordagem policial. Os PMs dizem que Marco foi atingido quando “tentou subtrair” a arma de um deles. Por outro lado, as imagens registradas por câmeras de segurança contradizem a versão dos PMs.

Após o ocorrido, o jovem foi socorrido e levado ao Hospital Ipiranga, mas não resistiu aos ferimentos.

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De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), os PMs que participaram da ocorrência foram afastados dos cargos até o fim da investigação. Guilherme Augusto foi quem atirou.

Carta aberta

Quando a morte do estudante de medicina completou um mês, seu pai, Julio Cesar, compartilhou uma carta aberta ao presidente Lula pedindo justiça em relação ao caso.

Em desabafo nas redes sociais, ele revelou que o filho foi morto “da maneira mais cruel e covarde pelo estado de São Paulo e pelas mãos de membros da Polícia Militar com cumplicidade da hierarquia superior.”

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“Sinto a dor dilacerante, a angústia e a raiva de lembrar as últimas imagens dele, me pedindo para salvá-lo, deitado em uma sala de emergência, em choque hemorrágico, sussurrando: ‘pai, me ajuda’”, contou ele.

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