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Caso Gritzbach: PM matou o delator, mas cumprindo plano do PCC, acredita Corregedoria

Policial Militar preso nesta quinta (16) estaria a mando de membros da facção

Antônio Vinícius Lopes Gritzbach
Antônio Vinícius Lopes Gritzbach foi executado no terminal 2 do Aeroporto Internacional de São Paulo (Reprodução/X)

Mesmo que um policial militar da ativa tenha sido identificado como um dos autores dos disparos que mataram Vincius Gritzbach, morto em 8 de novembro do ano passado no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, a força-tarefa que investiga a morte do delator do Primeiro Comando da Capital (PCC) acredita que o homicídio tenha sido orquestrado pela facção criminosa.

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A identificação do PM que matou Gritzbach faz parte da Operação Prodotes, da Corregedoria da Polícia Militar do Estado de São Paulo deflagrada na manhã desta quinta-feira (16), com o objetivo de prender policiais militares acusados de envolvimento com o PCC. Ele e outras 12 pessoas foram presas. Dois ainda são procurados.

Entre os presos nesta quinta estão o tenente Giovanni de Oliveira Garcia (apontado como o responsável por escalar policiais militares para fazer a segurança particular de Vinícius Gritzbach), além dos soldados Adolfo Oliveira Chagas, Jefferson Silva Marques de Sousa e Romarks César Ferreira de Lima e o cabo Leandro Ortiz. Eles ficaram encarregados de receber Gritzbach em sua volta de viagem no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, no 8 de novembro do ano passado.

De acordo com a força-tarefa, que une integrantes da Polícia Civil, do Ministério Público de São Paulo (MPSP), da Polícia Técnico-Científica, Polícia Federal e Polícia Militar, os principais suspeitos de serem mandantes do crime seriam pessoas ligadas a Cara Preta, morto em dezembro de 2021 após tomar um suposto golpe milionário de Gritzbach, que lavava dinheiro para a facção por meio da compra e venda de imóveis.

Gritzbach foi acusado de desviar parte de um investimento de R$ 100 milhões do PCC em criptomoedas.

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Meses depois, o delator foi sequestrado por integrantes da facção e policiais civis que atuavam junto aos criminosos e submetido a um tribunal do crime. Ele foi libertado sob promessa de entregar escrituras de imóveis e senhas para que o investimento da facção fosse recuperado.

A operação

São cumpridos ainda sete mandados de busca e apreensão em endereços na capital e Grande São Paulo. Apurou-se que policiais militares prestavam escolta privada a Gritzbach, apesar de seu histórico criminal. As investigações apontaram que tais ações caracterizavam a integração de policiais à organização criminosa, conforme previsto na Lei Federal nº 12.850/13.

A operação teve início após uma denúncia anônima recebida em março de 2024, apontando possíveis vazamentos de informações sigilosas que favoreciam criminosos ligados ao PCC.

A investigação inicial, conduzida pela Corregedoria, evoluiu para um Inquérito Policial Militar instaurado em outubro de 2024. Apurou-se que informações estratégicas vazadas por policiais militares, incluindo da ativa, da reserva e ex-integrantes da instituição, permitiam que membros da organização criminosa evitassem prisões e prejuízos financeiros.

Entre os principais beneficiados pelo esquema estavam líderes e integrantes da facção criminosa PCC, alguns já falecidos, outros procurados, como Marcos Roberto de Almeida, conhecido como “Tuta”, e Silvio Luiz Ferreira, apelidado de “Cebola”.

Vinicius Gritzbach, de 38 anos, foi executado no dia 8 de novembro de 2024, na frente de sua namorada e de dezenas de testemunhas na área de desembarque do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo. Foram disparados, ao todo, 29 tiros de fuzil.

Ele era jurado de morte pelo PCC e acabava de retornar de uma viagem ao Nordeste, onde permaneceu sete dias com a namorada e seguranças particulares, entre eles um policial militar.

Em uma delação, Gritzbach detalhou como a facção lavava dinheiro, além de revelar as extorsões realizadas por policiais civis. Tanto policiais civis quanto militares investigados pela força-tarefa foram afastados.

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