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Justiça arquiva denúncia de racismo contra Ana Paula Minerato e Ananda reage: “Luta não acabou”

Promotoria alegou falta de provas; em áudios, modelo chamou cantora de “neguinha do cabelo duro”

Ex-musa da Gaviões da Fiel ainda não se pronunciou sobre o assunto
Ana Paula Minerato teve queixa-crime de injúria racial arquivada; ela fez falas racistas contra a cantora Ananda, do Melanina Carioca (Reprodução/Instagram)

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) pediu o arquivamento da queixa-crime por injúria racial contra a modelo Ana Paula Minerato alegando falta de provas, o que foi acatado pela Justiça. Em novembro passado, em áudios que vazaram nas redes sociais, a loira chamou a cantora Ananda, do grupo Melanina Carioca, de “neguinha” que tem “o cabelo duro”. Após saber da decisão, a artista reagiu e disse que a “luta não acabou” (assista abaixo).

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Antes, em entrevista à “Marie Claire”, a cantora falou sobre como soube do arquivamento da queixa-crime. “Ontem eu acordei e me deparei com a seguinte mensagem. 9 da manhã meu dia acabou. O racismo no Brasil é uma ferida aberta e é complicado ser parda, negra lutando em um mundo que insiste em te desumanizar na primeira oportunidade que tem. Recentemente eu fui vítima de falas racistas por parte de uma mulher chamada Ana Paula Minerato. E ontem eu acordei com a notícia de que o processo tinha sido arquivado por falta de provas”, começou.

A jovem lamentou o fato de Ana Paula ter feito postagens comemorando a decisão do MP-SP e lembrou das ofensas das quais foi alvo. “A empregada do cabelo duro. Com áudio que foi veiculado em mídia nacional e eu ainda tenho que lidar com o outro lado cantando vitória dizendo que o bem vence o mal. Quem é o mal? Perguntei, não tive resposta? Tá um silêncio ensurdecedor”, destacou a cantora.

Ananda disse que virou alvo da modelo pelo fato de estar namorando o rapper Kt Gomez, que é ex dela. “Eu não fiz nada pra essa pessoa. Meu problema foi ter atravessado um caminho que se cruzou com o dela, que já era um passado. Porque deve ser muito difícil aceitar que o seu ex seguiu em frente com uma mulher que você julga ser inferior a você. Que você julga não ser digna de ser amada. Ah, meu Deus. Ah, meu Deus. Insulto é uma coisa. Racismo é outra completamente diferente. E racismo é crime no Brasil desde 1989″, destacou.

Mesmo chateada com o arquivamento do caso, a cantora disse que a luta contra o racismo continua. “Que eu e ela possamos servir de exemplo pra que sim. Mesmo você tendo a pele clara. Não é bullying, não é zoação, não é um insulto porque a pessoa ficou chateada com você. Isso é racismo. A luta não acabou. Não é só por justiça. É por dignidade. É por futuro”, ressaltou.

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Falta de provas

A queixa-crime por injúria racial contra Ana Paula foi feita pela ouvidoria do órgão, porém, o promotor Carlos Alberto Scaranci Fernandes pediu o arquivamento no último dia 17 de dezembro. Ele destacou que não foram anexadas provas suficientes para dar andamento no caso.

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“Examinando o expediente, tenho que não há justa causa para prosseguir. Verificando as informações encaminhadas a esta Promotoria de Justiça, não é possível vislumbrar a ocorrência de qualquer conduta criminosa”, diz trecho da decisão.

“Assim, somente resta providenciar o arquivamento, uma vez que não há justa causa para apuração de crime. Com esse quadro, promovo o arquivamento deste procedimento, com as cautelas cabíveis na espécie”, justificou Fernandes.

O pedido foi analisado pela Justiça e o caso foi oficialmente arquivado na terça-feira (14).

Relembre o caso

Os áudios com ataques racistas contra a cantora Ananda passaram a circular nas redes sociais no dia 24 de novembro de 2024, sendo Ana Paula falava sobre a aparência física da artista.

“Empregada do cabelo duro. Você gosta de cabelo duro? Não sabia que você gostava de mina com cabelo duro. Você gosta de mina com cabelo duro? Cabelo duro você gosta? Você gosta de mina de cabelo duro, de neguinha? Você gosta de neguinha? Porque isso aí é neguinha, né. Alguém ali o pai ou a mãe veio da África”, disse a modelo. “Ela é feia, hein. Ela é feia. Essa faixa de nega aqui que ela usa”, ressaltou.

Em outro trecho da conversa, continuou a fazer ofensas contra a artista, a chamando de “empregada de cabelo duro”.

Por conta do episódio, Ana Paula foi desligada da escola de samba Gaviões da Fiel e também da Band, onde apresentava um programa de rádio diário.

Além disso, a Secretaria Estadual da Justiça e Cidadania de São Paulo instaurou, por meio da Ouvidoria da Coordenadoria de Políticas para a População Negra (CPPN), um processo administrativo contra Ana Paula. A pasta diz que “notificará as partes envolvidas, garantindo o direito de apresentação de defesa preliminar”.

Após a repercussão, Ana Paula fez uma live, quando chorou e pediu desculpas. Ela confirmou a autoria das falas racistas, que vazaram nas redes sociais, mas alegou que viveu um relacionamento “tóxico e abusivo”, o que a levou a cometer o ato.

“Eu estou muito mal, porque eu sei que foi algo horrível. Até quero pedir desculpa para todo mundo que se sentiu ofendido, porque realmente foi uma ofensa a uma pessoa que eu nem conheço. Então eu quero muito pedir desculpa para todo mundo, quero pedir desculpa pra Ananda, pedir desculpa de verdade, deixar aqui registrado o meu pedido de perdão”, disse Ana Paula na live, enquanto chorava.

A modelo não citou nomes, mas deixou claro que viveu um relacionamento conturbado com o rapper, que a “colocou contra Ananda”.

Recentemente, Ana Paula entrou com uma ação cível por direito de imagem contra KT Gomez, a quem acusa pelo vazamento dos áudios. O rapper não se pronunciou sobre o assunto.

Ela diz que relação tóxica com rapper a levou a cometer o ato
Ana Paula Minerato chorou em live e pediu desculpas por falas racistas contra a cantora Ananda (Reprodução/Instagram)

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