Social

Mãe de Miguel responde à carta de Sarí Corte Real: ‘não tenho rancor, tenho saudade’

Na esquerda, Mirtes e seu filho, Miguel Otávio; na direita, Sari Corte Real, acusada de negligência Fotos: Reprodução

A mãe do falecido menino Miguel Otávio, de apenas 5 anos, respondeu à carta divulgada pelo advogado de Sarí Corte Real na sexta-feira passada (5). Ex-empregada doméstica da agora indiciada primeira-dama de Tamandaré, no Pernambuco, Mirtes Renata questiona o intuito da carta da antiga empregadora, e pede justiça para seu filho.

ANÚNCIO

LEIA MAIS:
Caso Miguel: perícia faz nova visita às ‘Torres Gêmeas’ em Recife
cCaso Miguel: perícia faz nova visita às ‘Torres Gêmeas’ em Recife

Miguel, que acompanhava a mãe em seu emprego como doméstica no condomínio de luxo Edifício Pier Maurício de Nassau, em Recife, foi deixado sozinho por Sarí em um elevador, indo parar no nono andar do prédio.

De lá, peritos acreditam que ele tenha deixado sozinho o elevador, ido até uma janela que levava à parte externa do edifício, e escalado uma grade. A criança caiu nove andares, vindo a falecer no hospital.

A carta escrita por Mirtes teve ajuda de seu advogado, Rodrigo Almendra, e entregue aos advogados de Sarí Corte Real nesta quarta-feira (10). Nas páginas escritas por Sarí e enviadas à imprensa, ela perde perdão, diz solidarizar-se com o sentimento da ex-empregada, mas reafirma que não apertou os botões do elevador para Miguel e irá provar sua inocência na Justiça.

Leia a íntegra da carta escrita por Mirtes Renata:

SOBRE O PERDÃO PEDIDO POR SARI

Eu não recebi qualquer pedido de desculpas. A carta de perdão foi dirigida à imprensa, o que me faz pensar que eu não era destinatária, mas sim a opinião pública com a qual ela se preocupa por mera vaidade e por ser esse um ano de eleição.

Eu não tenho rancor. Tenho saudade do meu filho. O sentido da vida de quem e´ mãe passa pelo cheiro do cabelo do filho ao acordar, pelo sorriso nas suas brincadeiras, pelo «mamãe» quando precisa do colo e do abrigo de quem o trouxe ao mundo. Uma mãe, sem seu filho, sofre uma crise, não apenas de identidade, como também de existência. Quem sou eu sem Miguel? Ela tirou de mim o meu neguinho, minha vida, por quem eu trabalhava e acordava todos os dias.

Quando eu grito que quero justiça, isso significa que eu preciso que alguém assuma a minha dor, lute minha luta, seja o destilado da cólera que eu não quero e nem posso ser. Eu não tenho forças neste momento, não tenho chão. Não tenho vida!

Após poucos dias é desumano cobrar perdão de uma mãe que perdeu o filho dessa forma tão desprezível. Afinal, sabemos que ela não trataria assim o filho de uma amiga. Ela agiu assim com o meu filho, como se ele tivesse menos valor, como se ele pudesse sofrer qualquer tipo de violência por ser «filho da empregada».

Perdoar pressupõe punição; do contrário, não há perdão, senão condescendência. A aplicação de uma pena será libertadora, abrandará o meu sofrimento, permitirá o meu recomeço e abrirá espaço para o que foi pedido: perdão. Antes disso, perdoar seria matar o Miguel novamente.

Mirtes, mãe de Miguel

(carta escrita com auxílio do advogado constituído)

ANÚNCIO

Tags


Últimas Notícias