Na tarde da última segunda-feira, 21 de fevereiro, o presidente russo Vladimir Putin reconheceu a independência das regiões separatistas de Donetsk e Luhansk, localizadaas na região leste da Ucrânia. Após assinar o decreto, Putin ordenou o envio de tropas russas às recém-proclamadas repúblicas em uma missão de “manutenção da paz”.
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Conforme informações publicadas pela CNN, os movimentos das tropas russas não são claros, o que aumenta o alerta para o início de uma possível invasão da Ucrânia.
Para diversas autoridades internacionais, a chegada da força militar russa nestas regiões pode indicar o início de uma operação militar em grande escala visando todo o país.
Decisões de Putin repercutem na ONU
Diante da postura do presidente russo, autoridades da ONU se pronunciaram sobre o posicionamento das tropas russas e o reconhecimento da independência dos territórios separatistas ucranianos.
Linda Thomas-Greenfield, embaixadora norte-americana, declarou em uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU que ao reconhecer tais regiões como independentes, Putin realizou uma “tentativa de criar um pretexto para uma nova invasão”.
Ela ainda afirmou que é absurdo acreditar que a entrada das forças russas nestas regiões seja considerada uma “missão de manutenção da paz”.
“Nós sabemos o que eles realmente são”.
— Linda Thomas-Greenfield
Autoridades russas afirmam que a intenção é proteger os moradores de Donbas
Conforme autoridades dos EUA, da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da Ucrânia, o apoio da Rússia às regiões separatistas da Ucrânia data de longo tempo e engloba desde suporte consultivo e de inteligência até suporte militar, com envio de oficiais ao local. No entanto, a Rússia sempre negou ter tropas infiltradas na região.
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Por outro lado, nos últimos anos Moscou realizou ações de distribuição de passaportes russos e naturalização de moradores da região como cidadãos russos.
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Diante da situação de conflito na região, Kiev e autoridades do Ocidente afirmam que a região faz parte do território ucraniano, apesar de estarem efetivamente ocupadas pela Rússia desde 2014, quando os conflitos na região começaram.
Para Vassily Nebenzia, embaixador russo na ONU, as ações tomadas pelo presidente russo reforçam uma tentativa de proteção às pessoas de língua russa que vivem nas regiões de Donetsk e Luhansk. Para ele, o reconhecimento das regiões não foi uma decisão repentina.
“Devemos recordar que as regiões declararam sua independência da Ucrânia em 2014. Mas só os reconhecemos agora, apesar do alto nível de apoio para fazê-lo desde o início.”
— Vassily Nebenzia, embaixador russo na ONU.
Autoridades exigem o cancelamento do decreto russo
Diante da postura russa ao reconhecer a independência das regiões separatistas, Sergiy Kyslytsya exigiu que o decreto reconhecendo a independência das regiões seja cancelado para que os países possam retomar as negociações.
A decisão de Putin repercutiu também em outros países. Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, declarou que a ação foi “um ataque claro à soberania da Ucrânia”. Como resposta, o presidente norte-americano Joe Biden assinou uma ordem executiva proibindo novos investimentos, comércio e financiamento por pessoas dos EUA para as autoproclamadas “República Popular de Donetsk e República Popular de Luhansk”.
“Se alguma unidade russa montada cruzar a fronteira ucraniana, isso será considerado uma invasão.”
— Joe Biden, presidente dos EUA.
A ordem assinada por Biden também permite que os EUA imponham sanções a qualquer pessoa que opere nas regiões citadas.
Por sua vez, Emmanuel Macron, presidente francês, pediu à União Europeia que adote sanções direcionadas à Rússia, recebendo prontamente o apoio do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que afirmou que as sanções do Reino Unido serão divulgadas ao longo desta terça-feira.