Um vídeo que mostra uma grande sucuri abatida levantou polêmicas nas redes sociais esta semana. A cobra foi morta na comunidade ribeirinha em Anamã, a 163 quilômetros de Manaus, no Amazonas.
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A cobra contava com cerca de 6 metros de comprimento e impressionou os moradores. Na gravação, é possível ouvir uma mulher falando dizendo para uma criança que ela não precisa ter medo porque a cobra estava morta.
Comentários como “do jeito que a boca desse animal é assim, engole é uma pessoa todinha” e “Isso engole é um homem adulto” também foram feitos.
O graduando em ciências biológicas na Universidade Federal de Goiás – UFG, Matheus Reis, que realiza a divulgação científica sobre répteis no Twitter pelo perfil Legião Escamada (@legiaoescamada), falou sobre o ocorrido e pontuou que não existe nenhum registro comprovado de que uma sucuri comeu um ser humano.
“No estudo argentino Historical Assumptions about the Predation Patterns of Yellow Anacondas, que avaliou o conteúdo estomacal de sucuri-amara (Eunectes notaeus) chegaram ao resultado que sucuris se alimentam em sua maioria de presas menores, com uma frequência maior”, escreveu.
Alguns seguidores logo criticaram o posicionamento e isso também motivou a discussão entre outros perfis de divulgação científica nas redes.
O biólogo César Favacho, que é entomólogo e sempre entrega novos conteúdos sobre os mais diversos insetos, apoiou a posição de Matheus.
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“A morte de um animal desses nunca deveria ser normalizada, mesmo que as pessoas da região não tenham acesso às informações corretas. A culpa não é de quem mora lá, mas sim dessa falta de acesso à informação. Muita gente tem tentado mudar isso, com projetos de educação, sobre os animais e a natureza, que vão até as comunidades para falar sobre coisas como essa da sucuri. Ainda temos um LONGO caminho pela frente, mas dá pra melhorar”, escreveu.
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Ele também criticou quem normaliza a situação e não se preocupa com o risco que isso apresenta para as populações destes animais, que tendem a diminuir cada vez mais.
Se a única coisa que fizermos for apenas dizer “lá é normal, vocês não tem noção”, vamos assistir as populações desses bichos (que ainda restam) diminuírem cada vez mais.
“Já temo que virão aqui me chamar de sem noção também, inclusive. Já adianto que sou da Amazônia e já viajei muito pelos interiores daqui, sei da situação das pessoas que moram nessas regiões. E também sei que é possível mudar um pouquinho essa realidade, mesmo que de grão em grão. A destruição do habitat desses bichos (por grandes projetos milionários de desmatamento) torna as populações deles ainda menores, e a morte de cada um começa a fazer a diferença. Mais uma vez, não culpo as pessoas locais que mataram, mas fico triste pela morte do bicho”, completou.
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