Uma das principais polêmicas envolvendo a atual edição da Copa do Mundo, que está sendo realizada no Catar, diz respeito a criminalização de pessoas LGBTQIA+ no país.
Um cidadão catarense resolveu abrir para o mundo sua história. Nasser Mohamed é médico e deixou seu país em 2015 rumo à cidade de São Francisco, no estado da Califórnia, nos Estados Unidos.
“É difícil ouvir o governo do Catar dizer: ‘Claro, todos serão bem-vindos no país’, quando eu não sou bem-vindo na minha própria casa”, disse Nasser, em entrevista a emissora estadunidense CNN.
“Falei publicamente sobre mim para dar voz à nossa comunidade, trazer nossa perspectiva, porque temos medo até de falar. No começo do ano, soava como se pessoas LGBT+ não existissem lá. Eles (o governo) falam que gays serão bem-vindos, que a sociedade é tolerante. Isso não é verdade. É uma sociedade violentamente homofóbica. Isso precisa ser conhecido”, afirmou o médico.
Segundo ele, “é uma tortura” ser gay e viver no Catar. Durante os anos em que viveu no país, passou por diversas situações arriscadas.
“Eles variam de ameaças de morte a bullying online”, relatou. “Honestamente, não sei o que podem fazer. Os movimentos deles são imprevisíveis e o alcance é grande. Estão conectados com políticos e pessoas ricas em todos os lugares, pessoas que estão dispostas a fazer qualquer coisa por eles”, pontuou.
Para Nasser, a imagem que o país tem passado de acolhedor não é verdade para pessoas que se identificam com a sigla. “Tem um marketing sendo feito para a Copa que não está passando a imagem real do que acontece com as pessoas LGBT+ no país”, disse.
“O Catar se preocupa muito com sua imagem. Como tem muita gente prestando atenção em mim agora, eles não vão me machucar. Meu desafio é conseguir continuar seguro depois da Copa”, afirmou.
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