Uma seguradora usou uma tecnologia chamada keystroke (que faz uma contagem do pressionamento de teclas no computador de trabalho), para monitorar uma funcionária que estava fazendo home office e descobrir se ela trabalhava durante todo o período designado. A conclusão? Ela não estava, e foi demitida por justa causa por “não usar muito o teclado do computador”.
O caso aconteceu na Austrália, com Suzie Cheikho, que até tentou recorrer a decisão da empresa Insurance Australia Group (IAG), falando que a demissão era injusta, mas teve o pedido negado pela Fair Work Commission (FWC), que concluiu que a ex-consultora foi demitida por um “motivo válido de má conduta”.
Segundo o New York Post, a australiana era “responsável por criar documentos de seguro, cumprir cronogramas regulatórios e monitorar conformidade do trabalho em casa”. Mas, apesar de ter a função de monitorar o home office dos funcionários da empresa, foi exatamente o motivo que a causou a demissaõ por justa causa após 18 anos trabalhando na empresa.
Cheikho foi mandada embora em fevereiro deste ano por “perder prazos e reuniões, estar ausente e incontactável e não concluir uma tarefa que levou o regulador do setor a multar a empresa que trabalhava”, segundo dados do FWC.
Após ser demitida, a ex-consultora ainda tentou recorrer junto ao FWC afirmando que a empresa que trabalhava tinha um “plano premeditado para removê-la do negócio e que ela foi alvo de problemas de saúde mental”.
No entanto, Cheikho já havia sido advertida em novembro de 2022 sobre a sua improdutividade e estava, inclusive, participando de um “plano de melhoria de desempenho”. Por isso, ela foi submetida a esse monitoramento detalhando quantas vezes ela pressionou o seu teclado de outubro a dezembro. Segundo o New York Post, a revisão constatou que “ela não trabalhou suas horas programadas por 44 dias, começou tarde em 47 dias, terminou cedo em 29 dias e realizou zero horas de trabalho em 4 dias”.
O FWC apurou ainda que “nos dias em que ela fez login, ela teve ‘atividade de pressionamento de tecla muito baixa’ e registrou zero toques nas teclas em 117 horas em outubro, 143 horas em novembro e 60 horas em dezembro”.
A ex-funcionária se defendeu e disse não acreditar nos dados
Cheikho disse que “não acreditou nem por um minuto que os dados fossem verdadeiros”, mas pelo fato de não ter evidências comprobatórias do contrário, não conseguiu ganhar a causa. “Às vezes, a carga de trabalho é um pouco lenta, mas nunca deixei de trabalhar”, disse ela a seus gerentes, de acordo com o New York Post. “Quero dizer, posso ir às compras de vez em quando, mas isso não é o dia inteiro”, continuou ela.
Em uma resposta por escrito, Cheikho ainda falou que estava passando por problemas com a sua saúde mental: “Tenho passado por muitos problemas pessoais que causaram um declínio na minha saúde mental e, infelizmente, acredito que isso afetou meu desempenho e meu trabalho”.
O vice-presidente da empresa australiana, Thomas Roberts, disse ao portal que “as evidências mostraram que Cheikho não estava trabalhando como era obrigada durante o horário de trabalho designado” enquanto monitorada e que “embora dissesse que usava o telefone para certas tarefas, seu empregador havia mostrado a necessidade de ela usar o laptop para cumprir suas obrigações”.
“A requerente foi demitida por um motivo válido de má conduta”, concluiu Roberts.