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Síndrome de Paris: quando a Cidade Luz desaponta turistas e desencadeia um transtorno

Paris, a cidade do amor e das luzes, pode não ser o conto de fadas que muitos esperam

Imagem: Fabien Maurin/Unsplash

Qualquer cidade do mundo tem o seu lado vulgar, seu bairro bizarro e aspectos que todos tentam esconder. No caso de Paris, "le problème" é um tanto surreal: a imagem que fazem da metrópole na cabeça das pessoas do resto do mundo é super idealizada, como se a capital francesa fosse apenas radiante, amigável, iluminada e romântica, da mesma forma que nos filmes.

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Quando os turistas desembarcam no aeroporto Charles de Gaulle e percebem que, além dos atributos esperados, a cidade também é agitada, barulhenta, caótica e suja, muitos visitantes sofrem um choque com a situação. Como consequência, acabam desenvolvendo um transtorno que passou a ser conhecido com Síndrome de Paris.

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Diagnosticado pela primeira vez em 1986, pelo psiquiatra Hiroaki Ota, esse conjunto de sintomas, prevalente em turistas japoneses, inclui "delírios agudos, alucinações, tonturas, suores e sentimentos de perseguição", segundo o estudo realizado pelo médico japonês radicado na França.

Embora descrita como uma espécie de transtorno psiquiátrico de viagem, a Síndrome de Paris não é reconhecida oficialmente como uma doença mental, sendo considerada um choque cultural que leva a um estresse.

O estranhamento começa quando os visitantes percebem que a cidade não tem nada a ver com suas expectativas, e culmina com a certeza de que os parisienses são indiferentes à sua presença ali. Como qualquer condição psicológica, a síndrome pode ser desencadeada por diversos fatores, como o clima, o idioma, a comida, a arquitetura, o trânsito ou mesmo a atitude dos locais, muitas vezes considerada arrogante.

Esses gatilhos podem ser agravados por problemas pessoais: solidão, dificuldades financeiras, questões sentimentais ou apenas saudade de casa.

Por não ser oficialmente uma doença, não há um tratamento específico para a Síndrome de Paris. Isso não quer dizer, no entanto, que se trata de um simples chilique de turistas ricos.

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Pelo contrário, tanto os sintomas quanto suas consequências são reais, e geram, sim, sofrimento e dor. Quem passou pela experiência afirma ter ficado com traumas e medo de viajar de novo. Há registros de casos em que o paciente teve que ser transportado de volta para o seu país, sob supervisão e cuidados médicos.

Mas, em geral, boas noites de sono e hidratação são suficientes para superar o problema em alguns dias. Na dúvida, a embaixada japonesa em Paris mantém uma linha 24 horas à disposição dos turistas que manifestam sintomas.

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Mesmo sendo específica para turistas japoneses que viajam a Paris pela primeira vez, o transtorno pode ser visto em um contexto maior de uma síndrome de viajante, um sentimento de decepção que pode acontecer a qualquer turista que se frustra ao perceber que a cidade dos seus sonhos não corresponde às expectativas.

Segundo o Mega Curioso, Paris é muito mais que uma tela de cinema ou uma página de revista - é uma cidade real, com sua própria complexidade e charme, que pode surpreender de formas inesperadas.

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