Se você já ouviu falar que o sabor artificial de baunilha em produtos como biscoitos e sorvetes provém de uma secreção do traseiro dos castores, não está totalmente errado. A verdade, no entanto, é mais complexa do que a lenda urbana sugere.

Jessica Taylor Price, química e pesquisadora da ciência dos alimentos, esclarece que, embora os castores realmente excretem uma substância chamada castóreo, essa prática é rara na indústria alimentar moderna. O castóreo, uma substância marrom-amarelada excretada pelos animais para marcar território, é caro e difícil de obter.
Em entrevista à National Geographic, Price afirmou que o castóreo "não tem como estar no seu sorvete". Ele é usado pelos castores para marcar território, sendo secretado sobre pilhas de lama, gravetos ou grama. O aroma característico desse líquido, meio almiscarado e doce, é suficiente para ser detectado até pelos humanos.

Surpreendentemente, os humanos utilizam o castóreo há mais de 2 mil anos, principalmente para fins medicinais e perfumaria. No entanto, a extração do castóreo é um processo delicado. Os castores precisam ser anestesiados, e suas glândulas mamonas "ordenhadas" para obter a substância.

Embora o castóreo tenha sido utilizado na indústria alimentar no início do século XX, sua presença diminuiu consideravelmente desde 1987, quando os Estados Unidos interromperam seu uso. Atualmente, é mais comum em alimentos de nicho, como alguns licores suecos.
De acordo com o Mega Curioso, a esmagadora maioria dos aromatizantes de baunilha hoje em dia provém de fontes sintéticas, oferecendo uma alternativa mais barata e prática. Portanto, ao saborear um produto de baunilha, pode ficar tranquilo: a chance de estar consumindo algo proveniente do traseiro dos castores é praticamente nula.

