Com a chegada da primavera, é comum que milhares de pessoas visitem centros arqueológicos com pirâmides para ‘se carregar de energia’, já que essa atividade está associada a uma importância religiosa ou ritual.
ANÚNCIO
No entanto, isso não é verdade e esse fenômeno teve início há algumas décadas, na chamada ‘new age’, portanto não está relacionado a nenhuma prática religiosa dos habitantes da Mesoamérica, explicou o arqueoastrônomo da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), Jesús Galindo Trejo, por ocasião do equinócio da primavera.
O cientista acrescentou que em algumas pirâmides no México, como o templo Las Caritas, em Veracruz; Teopanzolco e Xochicalco, em Morelos; Chichen Itzá, em Yucatán, foram alinhadas de acordo com o equinócio, mas essa não é uma data relevante no mundo mesoamericano.
Os vários povos que se estabeleceram nesta região do mundo, como os olmecas ou mexicas, tinham seus próprios calendários e algumas de suas construções foram feitas de acordo com certos números, quantidade de dias e datas que atualmente não têm qualquer significado para a maioria da sociedade.
”Nas nossas culturas ancestrais existem mais de três mil anos de culto ao tempo, não ao espaço. Nas mesoamericanas o equinócio da primavera não era especialmente essencial, momento astronômico que atualmente é associado a uma recarga de energia do Sol”, disse também o pesquisador do Instituto de Investigaciones Estéticas.
Embora por algum tempo se tenha considerado que os monumentos arquitetônicos eram orientados pelos solstícios e equinócios, bem como pela data em que o Sol atingia o zênite em um local geográfico, agora acredita-se que foram construídos com base em seu próprio calendário.
“A ideia de que na primavera é preciso recarregar-se de energia solar é uma moda do mundo atual. As pessoas se vestem de branco e sobem em pirâmides, como em Teotihuacan, mas não tem nada a ver com um culto antigo”, esclareceu Galindo.