Em junho de 2023, Paul Skye Lehrman e Linnea Sage, ambos profissionais de dublagem, tiveram uma experiência alarmante ao ouvir um podcast que discutia o impacto da inteligência artificial (IA) na indústria do entretenimento.
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De acordo com o episódio da série Tech Life, publicado no site BBC Sounds, durante a transmissão, Lehrman reconheceu sua própria voz utilizada por um chatbot gerado por IA, uma descoberta que os levou a estacionar o carro imediatamente, atônitos. Para o casal, a surpresa se transformou em uma busca desesperada por respostas, que culminou na descoberta de que a empresa de tecnologia Lovo havia clonado suas vozes sem consentimento, utilizando-as comercialmente.
Um caso de abuso tecnológico
Ao investigarem mais a fundo, Lehrman e Sage encontraram evidências de que suas vozes haviam sido reproduzidas pela Lovo, uma plataforma que transforma texto em fala. A empresa, que alega não ter cometido qualquer irregularidade, criou clones de voz a partir de gravações fornecidas pelo casal em trabalhos realizados via a plataforma Fiverr.
Ambos foram abordados por um usuário anônimo que solicitou gravações para projetos supostamente inofensivos, como testes de roteiros de rádio. No entanto, essas gravações foram usadas para criar cópias digitais que passaram a concorrer diretamente com as vozes originais dos dubladores, o que motivou o casal a iniciar uma ação judicial contra a empresa.
O processo, movido em maio de 2024, alega que a Lovo agiu sem permissão e remuneração adequada, violando os direitos de publicidade dos artistas. Esse caso faz parte de uma crescente onda de ações judiciais movidas por criadores que temem perder o controle sobre seus trabalhos devido ao avanço das tecnologias de IA. O caso de Lehrman e Sage ilustra os perigos de uma tecnologia que, ao ser utilizada de forma inadequada, pode ameaçar não apenas o sustento dos profissionais envolvidos, mas também a integridade de suas criações.