Aos 79 anos, uma brasileira que dedicou sua vida aos refugiados foi reconhecida internacionalmente. A religiosa Rosita Milesi será homenageada em Genebra, Suíça, com o Prêmio Nansen, concedido pela Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR). O reconhecimento é resultado de mais de quatro décadas de trabalho, em que ela ajudou pessoas que, forçadas a deixar seus países por guerras e perseguições, buscavam recomeçar em terras estrangeiras.
Ao longo de sua trajetória, fundou o Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), instituição responsável por auxiliar migrantes em diversas áreas, como a obtenção de documentos, moradia e acesso a serviços básicos de saúde. Sua atuação também foi decisiva para a criação da primeira Lei de Refugiados no Brasil, em 1997. Embora seu trabalho tenha grande impacto, o maior reconhecimento, segundo ela, é ver as pessoas retomando suas vidas com dignidade.
Dedicada à dignidade humana
O Prêmio Nansen, que será entregue na próxima semana, é uma honraria para poucos. Além dela, outras quatro mulheres de diferentes partes do mundo também foram reconhecidas por suas contribuições excepcionais à causa dos refugiados. No entanto, para a premiada brasileira, o verdadeiro prêmio é o retorno de esperança que vê nos olhos daqueles que ajudou.
Nascida no interior do Rio Grande do Sul, em uma família de 12 filhos, a trajetória dessa religiosa começou cedo, inspirada pelos valores de fé que seus pais cultivavam. Aos 9 anos, ela entrou para a congregação das Irmãs Scalabrinianas, onde se dedicou à educação e ao direito, áreas que usou para transformar vidas. Mesmo com a rotina intensa, encontra tempo para cuidar de suas plantas e alimentar os pássaros, momentos que considera sua fonte de paz.