O casal Healing e Heryck decidiu celebrar a união de forma única: entre lápides, no Cemitério da Saudade, na cidade de Sumaré, São Paulo. Realizada no domingo (3), a cerimônia foi marcada por tambores, cânticos e uma decoração predominantemente em preto e vermelho, que expressa a conexão dos noivos com a espiritualidade e a religião que praticam. A noiva e seu filho, que são líderes espirituais em um terreiro de umbanda independente em Hortolândia, guiaram a cerimônia com os rituais característicos.
ANÚNCIO
Conforme noticiado pelo G1, enquanto o casal trocava votos, um sepultamento ocorria a poucos metros. A presença do casamento no cemitério despertou curiosidade e surpresa tanto nos familiares de quem estava sendo enterrado quanto no coveiro, que comentou sobre o impacto do ritual fora do comum. “As músicas e os rituais chamaram atenção, especialmente para quem não está acostumado”, comentou Jocilei Robson França, coveiro há 15 anos no local.
A escolha do cemitério e das cores teve significado especial para os noivos. O altar, rodeado de imagens de entidades de proteção como Exu Caveira, era o local onde o casal desejava reforçar a conexão espiritual. A noiva explicou que o cemitério é um lugar de força para ela, onde sente intensamente a presença das entidades. “Quando me sinto enfraquecida, venho aqui para me renovar”, comentou.
Contratado para assegurar a privacidade da cerimônia, o vigilante Richard Oliveira revelou que, inicialmente, achou que tudo fosse uma pegadinha. “Foi uma experiência diferente de tudo que já vivi”, relatou. Durante a manhã nublada, a cerimônia transcorreu sem imprevistos climáticos, o que a noiva atribuiu ao “axé” de suas práticas espirituais.
Embora o evento tenha sido significativo para o casal, a escolha do local gerou algumas críticas. A prática espiritual do casal foi referida por eles como “umbanda independente”. No entanto, o termo foi questionado por representantes de associações religiosas, que enfatizam que a umbanda é única e voltada à igualdade e caridade. Segundo Ronaldo Linares, da Associação Umbandista do Estado de São Paulo, “não existem diferentes umbandas; a religião é única em sua essência”.