O cenário de crise ajudou a fomentar o surgimento de startups brasileiras no setor de tecnologia automotiva nos últimos dois anos, levando à criação de empresas focadas na solução de necessidades do mercado local e na melhora da eficiência, segundo estudo divulgado nesta sexta-feira.
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A pesquisa conduzida pela aceleradora de startups Liga Ventures analisou 191 startups brasileiras do segmento, subdividindo-as em quatro categorias principais: logística e transporte, soluções para mobilidade, tecnologia automotiva e tecnologia aplicada. Não foram contabilizadas empresas estrangeiras que atuam no país, como a Uber.
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A área de mobilidade, em que atuam startups como o aplicativo de transporte urbano 99, foi considerada uma das tendências mais promissoras e também a que apresenta maior número de empresas, disse Raphael Augusto, startup hunter da Liga Ventures.
«A gente vê hoje que a parte de mobilidade vem crescendo bastante nos últimos dois anos, como tendência e em volume de startups», disse ele à Reuters.
Já no curto prazo, o segmento de logística e transporte pode ser considerado o de maior destaque, com algumas startups como a empresa de entregas Mandaê entrando em evidência e formando uma boa base de capital, disse o cofundador da Liga Ventures, Daniel Grossi .
Mas, diferentemente de mercados mais consolidados, como os Estados Unidos, em que há disputa acirrada e grandes investimentos na inovação tecnológica – a exemplo do desenvolvimento de veículos autônomos e drones – o setor de tecnologia automotiva brasileiro foca na correção de ineficiências e solução de problemas, explicou Grossi à Reuters.
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«Aqui no Brasil a gente percebe uma vocação maior para inovação em modelos de negócios. Soluções que vão deixar as empresas mais eficientes, ajudar consumidores», disse Grossi.
De acordo com os executivos, esse perfil também se deve ao próprio cenário de crise que vem se desenrolando no país.
«Quando a gente fala de startups, um dos principais fatores para criação é justamente inverter a curva de uma crise. Muitas das startups nasceram em momentos de crise. Elas nascem com a função de manter uma estrutura que já existe», disse Raphael Augusto.
Para ele, isso também se traduz na busca de diferentes fontes de recursos.
«Como o mercado de investimentos ainda é bastante imaturo no Brasil, hoje elas se sustentam com a possibilidade de geração de negócios com grandes empresas ou clientes», disse ele.
Para ambos, como o mercado brasileiro é incipiente, fica difícil prever exatamente o comportamento futuro das startups de tecnologia automotiva no país. No entanto, tomando como base os últimos dois anos, é possível verificar uma tendência de crescimento e maturação das companhias no setor.
«Quando a gente olha o mercado de startups no Brasil, ele é incipiente, começou em 2012. E no setor (automotivo) as startups tem menos de 2 anos. A gente vê que está crescendo e amadurecendo agora e tem cada vez mais startups surgindo na cadeia», comentou Raphael Augusto.
«A gente vê que várias dessas já estão em um estado bem maduro, consolidado», acrescentou Daniel Grossi.