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Luigi não conjuga o verbo na primeira pessoa!

Giovanni Luigi preferiu a modéstia e não capitalizou para si a reinauguração do Beira-Rio. Típico dele, um cidadão tímido, às vezes excessivamente silencioso. Luigi não é político e, ao que sei, nem pretende lançar candidatura. Aliás, a conduta do presidente colorado em todo este processo foge ao que nos acostumamos neste meio comprometido chamado futebol, onde conjugar o verbo na primeira pessoa é rotina.

Giovanni Luigi foi intransigente para cuidar dos interesses do Inter na questão com a Andrade Gutierrez. Sabemos que negociar com construtoras deste porte é sempre difícil. A OAS, por exemplo, engoliu o Grêmio. A AG não conseguiu fazer isso com o Inter. Porque havia diferenças  de negócio, é verdade, e porque esbarrou na prudência de Luigi. Enquanto o ex-presidente Paulo Odone estava desesperado para dar sequência ao negócio com a OAS, e os conselheiros gremistas foram cedendo pelo menos no que conheciam do contrato, o presidente colorado agiu de forma diferente. Colocou entraves e inseriu o conselho deliberativo em toda discussão.

Poderia até ter comprometido a Copa do Mundo em Porto Alegre, mas Giovanni Luigi colocou acima de qualquer interesse o melhor para o clube. Perdeu tempo, é verdade. Foi criticado, agarrou-se a vírgulas do contrato. Insistiu que o conselho deveria participar de todo processo. Chamou o reforço da presidente Dilma quando o sapato apertou. Pensou no Inter em primeiro plano. E no Inter em segundo plano. Consequência: demora na definição, mas um contrato mais equilibrado do que o feito pelo rival na construção do estádio e que agora tentam remendar.

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Nas últimas semanas surgiu o problema das estruturas temporárias. E novamente Luigi defendeu o vermelho e branco, colocando em risco novamente a Copa em Porto Alegre. E teve, reparem neste detalhe, fidalguia para não criticar antecessores que fizeram o contrato com a Fifa. Preservou Vitório Píffero, assumiu a bronca como se fosse dele. Pensou, de novo, no Inter. Foi elegante.

Inclusive na festa de inauguração, Giovanni Luigi foi Giovanni Luigi. Na essência. Não discursou. Não capitalizou. Não brilhou. Foi quase um anônimo. “Declaro inaugurado o Beira-Rio”, limitou-se a dizer. Nos tempos atuais, em que as pessoas apoderam-se de feitos de outros, é uma virtude.

E sobre a festa escrevo que foi emocionante. Padrão Fifa. Penso que o Inter poderia ter capitalizado com Dunga e Taffarel, personagens do resgate da hegemonia do futebol brasileiro na Copa de 1994 e identificados com o clube. Não gostei do tal Fatboy Slim. Nada a ver! Aquele era o momento de um show para jogar pra cima. Mas é só um detalhe.

Inter e Grêmio cometeram o mesmo erro: inauguraram estádios que não estavam prontos. O fato é que agora temos ótimos estádios, em condições de receber grandes jogos com acomodações mais confortáveis para os torcedores. Só nos resta parar de ficar comparando isso e disputando quem tem a melhor cadeira, o melhor camarote, a melhor copa, a melhor marca do pênalti, o melhor banheiro, a melhor bandeirinha de escanteio! Chega de comemorar estádios! Vamos comemorar títulos.

Jornalista esportivo desde 1986, Leonardo Meneghetti foi repórter de rádio, TV e jornal e está no Grupo Bandeirantes desde 1994. Foi coordenador de esportes, diretor de jornalismo, e, desde 2005, é o diretor-geral da Band/RS. Diariamente, às 13h, comanda “Os Donos da Bola”, na Band TV. Escreve no Metro Jornal de Porto Alegre

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