É através dela que tudo acontece ou deixa de acontecer. Nossa perda gradual de liberdade individual tem a ver com isso. E não me refiro apenas à macropolítica. Ela está presente também nas pequenas coisas ou comunidades. Cito o caso real de um condomínio onde a maioria das pessoas jamais participara das reuniões trimestrais. Consolidou-se ali um pequeno grupo – três pessoas apenas – que se revezavam no comando. Lá pelas tantas, um rombo nas contas do condomínio alertou a todos. As chamadas extras já não davam conta de pagar sequer as despesas cotidianas. Os moradores então se organizaram, reuniram um grupo consistente, e passaram a exigir apuração nas contas. Descobriram que tudo vinha sendo superfaturado há anos, do portão da garagem, à pintura do prédio, passando pela cerca elétrica. Indignados, criaram coragem e botaram para correr da direção do condomínio os gestores mal-intencionados. É a política, estúpido!
Nosso país tem uma das maiores cargas tributárias do planeta mas os serviços públicos andam para trás. A saúde é uma porcaria, a educação pública não gera conhecimento e a segurança pública está falida. Salve-se quem puder! Enquanto isso, ao invés de buscar o conhecimento para argumentar e a coragem para se engajar e mudar isso, milhões de brasileiros batem no peito com desprezo, avisando a turma que votarão em branco ou anularão o voto. Enchem o peito para dizer que detestam política e que nenhum político presta. Ausentes, contribuem para a piora de tudo. É a política, estúpido!
Diego Casagrande é jornalista profissional diplomado desde 1993. Apresenta os programas BandNews Porto Alegre 1a Edição, às 9h, e Ciranda da Cidade, na Band AM 640, às 14h. Escreve no Metro Jornal de Porto Alegre