No conceito original, o sentido da palavra é realmente ruim: é aquilo que quebra ou não resiste. Mas encarar a fragilidade como sensibilidade é perceber as nossas fragilidades, a do outro, da empresa, do mercado. Se você se mostrar frágil ou sensível a isso, poderá descobrir quanta força possui. Por ser o lado frágil da relação, poderá, então, ser mais sensível e, por isso, levar mais tempo para fazer ou apreciar qualquer situação. Poderá realizar com mais cuidado e até com delicadeza o que precisar fazer. Poderá, enfim, observar o implícito, o que ninguém viu.
Agora lhe pergunto de que este mundo está mais precisando? Da fragilidade ou da dureza? Da sensibilidade ou da rudeza?
O mercado recessivo e agressivo tem causado uma onda de proteção nas pessoas que afasta a sensibilidade. As relações, a cada dia, estão mais distantes e, por isso, mais superficiais, tornando-se frágeis, possíveis de quebrar. A comunicação é cada vez mais abreviada e informatizada. Os acordos são por e-mail, WhatsApp e outras redes sociais. Toda essa construção parece fortalecer as pessoas pela sensação equivocada de proteção.
Colocar-se como frágil e ampliar sua percepção poderá evitar muitos problemas: estresse, solidão, desemprego, separações, brigas, depressão e muitos outros ainda não descritos pela literatura. Bom, o mais importante é distinguir que ser frágil não necessariamente é ser fraco. É preciso usar da fragilidade em busca do cuidado e da atenção em relação ao outro. Procure, neste ano, usar sua sensibilidade, sua delicadeza para tratar os outros. Faça diferente e com mais cuidado, isso fará você crescer e se tornar mais importante.
Somente quando seus pares – subordinados ou chefes – desenvolvem-se é que você se torna mais forte e resistente.
Vânia Goulart é psicóloga formada pela Ufes; mestre em Administração Estratégica pela Fucape; especialista em Psicologia Organizacional, do Trabalho e do Trânsito; coach profissional pelo Personal and Professional Coaching e diretora fundadora da Selecta.