Como evitar o suicídio entre crianças e adolescentes?
Não, esse não é um assunto agradável. Mas é preciso falar sobre ele porque o silêncio não resolve o problema. É o que diz o psiquiatra Wimer Bottura Júnior, que é presidente da Associação Brasileira de Medicina Psicossomática e presidente do Comitê Multidisciplinar de Adolescência da Associação Paulista de Medicina. Segundo Bottura Júnior, julgar e condenar os pais por negligência não evita que os casos continuem a ocorrer. E atribuir a causa à internet pode ser um arriscado deslocamento da observação, induzindo a erros. “No passado, culpamos o pipoqueiro pela droga nas portas das escolas e, hoje, temos certeza de que ele não era o responsável pelo consumo de drogas.”
Difícil percepção
Para o médico, a pergunta realmente importante a se fazer é: “por que crianças e adolescentes de famílias que se preocupam com eles, cuidam deles e têm tudo do bom e do melhor jogam suas vidas fora?” O especialista afirma que depressão não tratada (ou subtratada), transtorno bipolar, esquizofrenia e outras psicoses são explicações possíveis para suicídios. Mas há casos em que, até um minuto antes do fato consumado, não era possível perceber qualquer sinal de que aquele menor seria capaz de acabar com a própria vida. O que coloca todos em busca de outras respostas.
Prevenção na infância
De acordo com o psiquiatra, que é autor de vários livros sobre a relação entre pais e filhos, como a obra “Filhos Saudáveis”, algumas atitudes preventivas podem estar na forma como os filhos são educados. “A pessoa precisa, quando criança, passar pela frustração da espera, se dedicar para conseguir as coisas. E precisa ter a sensação de pertencimento à família e ser reconhecida pela pessoa que é”, explica. “Isso cria resiliência, vínculos e a protege contra os riscos.” Possíveis causas e como lidar com as consequências do suicídio na infância e na adolescência serão temas discutidos na próxima segunda (25de março), na sede da Associação Paulista de Medicina. O evento, com palestra de Wimer Bottura Júnior, é aberto ao público e faz parte do projeto “Novo Olhar, Novas Atitudes”. Quem mora em São Paulo e quiser participar tem de fazer inscrição gratuita pelo site www.eventbrite.com.br. O evento também poderá ser acompanhado por webtransferência.