Em uma viagem à China, em 2007, o carioca Bruno Affonso se encantou com as magrelas elétricas que deslizavam nas ruas de Pequim. Comprou uma e percebeu que esta seria a alternativa ideal para a mobilidade urbana no Brasil. Durante dois anos, morando em Pequim, ele criou uma marca com as cores, o design e o estilo carioca. Ao final de 2009, em parceria com o irmão, Rodrigo, ele trouxe para cá o primeiro contêiner de bicicletas: nascia então a Lev, que hoje conta com dez lojas próprias e 31 mil bikes elétricas nas ruas.
No mesmo ano, uma outra marca brasileira de bicicletas elétricas surgia em Minas Gerais: trata-se da Sense Bike, que integra a Lagoa Participações, grupo mineiro que desde 1981 investe no universo de duas rodas. O sonho? “Construir uma marca de bicicletas feita por apaixonados para apaixonados, com padrão internacional, foco em desenvolvimento e indústria de ponta”, resume Henrique Ribeiro, CEO da marca.
Em 2014, a Sense inaugurou uma fábrica em Manaus com recursos inovadores de tecnologia. E no ano passado comprou a Swift Carbon Global, importante fabricante mundial de bikes em fibra de carbono, com operação industrial na cidade do Porto, em Portugal. Praticamente quebrou um paradigma no setor de bicicletas – uma empresa nacional adquirindo uma estrangeira – e abriu mercado em mais de quarenta países.
A trajetória dessas duas empresas nacionais, que em menos de dez anos rodam negócios de sucesso, mostra o crescimento desse modal. Veículo elétrico mais vendido do planeta, de acordo com a consultoria Navigant Research, a e-bike é prática, não demanda grandes espaços para estacionar e pode aproveitar a infraestrutura cicloviária existente. Boa para quem pedala por lugares íngremes ou precisa percorrer longos percursos, pois permite dar um fôlego maior na pedalada, ela não emite gases poluentes, é silenciosa e econômica: livre de impostos anuais, custa entre R$ 4 mil e R$ 8 mil em média, com baterias de lítio com autonomia de 25 a 50 quilômetros.
E o bacana é que o exercício físico está embutido no “pacote”. A e-bike é apenas uma assistência ao ciclista, pois é preciso pedalar para o sistema funcionar. Enfim, uma boa alternativa para ganhar tempo e melhorar a qualidade de vida no Brasil, país em que ficamos, em média, 25 dias por ano parados nos engarrafamentos.