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Não é briga de casal

O presidente Jair Bolsonaro tentou tirar o pé do acelerador, ontem, na briga interna que vem tendo com o seu partido, o PSL, desde que no início da semana mandou que um presumível candidato pernambucano esquecesse a legenda e o seu presidente, Luciano Bivar, por que, segundo Bolsonaro, “ele está queimado”. Essa crise no partido do presidente da República, na verdade, esconde duas verdades: primeiro, Bolsonaro não está satisfeito no PSL porque já está de olho na sucessão presidencial e, portanto, precisa ficar livre logo de amarras partidárias; segundo, Bolsonaro sabe que o partido dele está com problemas com os laranjas em Pernambuco, terra do Bivar, mas também em Minas, com o ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio.

Em consequência, nada melhor para Bolsonaro, a despeito da crise que ele criou no partido, o oitavo desde que ele disputa eleição, que mude logo de legenda. O problema é que ao sair do PSL ele pode penalizar muitos deputados e senadores que hoje estão no partido, de forma que não é por acaso que ele vem se reunindo com seus advogados na busca de uma solução jurídica para essa questão porque, é evidente, que muitos parlamentares vão acompanhar o presidente nesse seu novo caminho e aí correm o risco de perderem o mandato. Por isso a busca por essa saída jurídica.

Um dos argumentos pode ser o envolvimento do partido com os laranjas. Como o presidente diz que está em desconforto com a situação criada tanto em Minas Gerais como em Pernambuco, em tese é possível usar esse argumento – o da falta de transparência com o dinheiro público – para a saída tanto do presidente como dos parlamentares que possam acompanha-lo. Nesse caso, a menos que Bivar e Marcelo Álvaro Antônio provem que são inocentes, os dois serão levados ao sacrifício. Essa talvez seja também uma maneira que a assessoria jurídica do presidente esteja estudando a fim de evitar a cabeça dos dois – Bivar e Marcelo – embora na filmagem de terça-feira Luciano Bivar tenha ficado mal na fita na hora em que o presidente pediu ao presumível candidato pernambucano que “ele está mal na fita”. Ontem, Bolsonaro tentou minimizar a crise no partido dizendo que isso é como briga de casal. Não é. Há questões mais graves envolvidas nisso.

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