O que estamos vivendo por causa da pandemia do coronavírus se parece com o roteiro de um filme a que já assistimos. Uma onda gigante que inunda a cidade, um fenômeno de esfriamento global que congela uma metrópole, uma doença contagiosa que devasta um país, um novo vírus que se espalha pelo mundo. Como nos filmes, sobreviver é o objetivo.
“E modo sobrevivência está longe do nosso modo de ser”, diz a psicóloga Patrícia Nolêto. “Ele não segue as mesmas regras, não tem as mesmas prioridades, os dias nunca têm 24 horas, nosso cérebro gasta mais energia que o normal e as nossas emoções ficam ampliadas.” Patrícia lembra que, no modo sobrevivência, existem coisas que não vão ser feitas, algumas que vão ser parcialmente feitas e outras que vão ser feitas de um jeito completamente diferente de antes. “E está tudo bem”, completa.
Modo comparação
De acordo com a especialista, o perigo no “modo sobrevivência” é que, de tão perdidas, as pessoas comecem a ativar um modo perigoso de funcionar: o “modo comparação”. “Você se sente mal porque seus filhos assistem mais TV que os filhos do vizinho, porque todo dia o jantar é macarrão ou pizza, enquanto as mães dos grupos da escola das crianças vivem postando fotos das receitas maravilhosas que aprenderam no Instagram de algum chef famoso”, exemplifica a psicóloga.
Filme da vida real
Segundo ela, se você está de quarentena em casa com filhos pequenos, essa não é a hora de olhar para fora. É preciso olhar para dentro. O que é essencial para você e sua família nesse momento? O que faz a sua casa funcionar melhor? O que é possível hoje? “Não é justo sermos cruéis ou críticos com nós mesmos, principalmente quando estamos apenas tentando sobreviver e ser feliz no nosso filme da vida real”, afirma Patrícia.