Os cientistas vêm avisando o governo de São Paulo para fechar aos poucos desde outubro do ano passado, para evitar o desastre que aconteceu com a segunda onda. Enfim, os médicos falaram e, como sempre, não foram ouvidos.
Ainda tivemos eleições. Um absurdo. O número de casos explodiu e aí veio o famoso fecha tudo, a fase vermelha, com todos quebrados.
Agora, vamos para a fase laranja. É a hora? Claro que não! Estamos no pior momento da pandemia. É o que falam os cientistas e os médicos, e o que os mortos comprovam. Mas o que adianta fechar de novo com 14 milhões de pessoas aglomeradas num transporte coletivo cada vez mais lotado e assassino?
Muita gente que não tem opção, até pelo preço do combustível, tem que trabalhar para conseguir comer ou para manter funcionando os serviços que salvam a vida de todos – ou que não deixam as cidades pararem. Por tudo isso, essas pessoas arriscam a própria vida em trens e ônibus da morte.
Não tenho respostas, mas quem foi eleito para isso deveria ter. Além do mais, não há sintonia entre governo federal e estados. A CPI da Covid-19 já está aí, e assusta cada vez mais o presidente, que lança ameaças à democracia todo dia.
Apesar de falarem aos quatro ventos que ainda não é hora de discutir eleições por respeito aos mortos, tudo não passa de balela. Já estão fazendo campanha em cada gesto, em cada frase.
Estas eleições, no meio de uma crise sanitária e de fome, pode nos levar ao caminho do ódio, e isso é tudo que não precisamos para radicalizar ainda mais um país que está mais do que dividido, está sem rumo.
O pior é que nem sabemos em que ponto da tempestade estamos, e se ela vai continuar por muito tempo, produzindo mais mortes e tornando o país ingovernável por quem quer que seja eleito.
Pedir calma para essa gente que só pensa em voto é impossível – mas que eles pensem, pelo menos um pouco, no povo. Um pouquinho só já basta. Chega de promessas. Quem diz que vai dar muito, não dá nada – e nada a maioria dos brasileiros já tem.