Wilson Simonal (1938-2000) foi provavelmente a primeira vítima das fake news no cenário do show business brasileiro. Um dos artistas de maior popularidade nos primeiros anos da ditadura militar e dono de uma conta bancária estratosférica, ele caiu em desgraça depois de mandar dar uma surra no seu contador – o episódio envolveu policias do antigo DOPS e o cantor acabou sendo acusado pela imprensa de atuar como informante dos militares.
Esta história é recuperada em “Simonal”, do diretor Leonardo Domingues, cinebiografia que empolgou a plateia do 46º Festival de Gramado na última segunda-feira.
Defendido com muito talento por Fabrício Boliveira – desde já, sério candidato ao Kikito de melhor ator –, Simonal foi um talento de origem humilde descoberto por Carlos Imperial, que o orientou a apostar no gingado e a cantar músicas populares. O resultado foi tão estrondoso que, à época, o artista só rivalizava com Roberto Carlos.
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Além dos números musicais bem acabados – Boliveira dubla Simonal com perfeição –, o filme também mostra o casamento sólido do artista com Teresa, do qual nasceram os também músicos Simoninha e Max de Castro.
Na trama, Boliveira repete o par romântico com Isis Valverde, com quem já havia contracenado em “Faroeste Caboclo” (2013), e admite que vê muito do personagem na sua própria condição de artista atualmente.
“É difícil aceitarem um negro que faz sucesso. Muitas vezes sou abordado pela polícia porque dirijo um bom carro. Imaginem, então, o Simonal, que, na época, tinha três Mercedes e aquele jeito debochado”, comenta o ator.
Em Gramado, os dois herdeiros de Simonal se disseram satisfeitos com o filme e acreditam que agora os fatos finalmente foram esclarecidos.
Os dois também assinam a trilha musical da trama, que traz uma bela seleção de imagens de época e uma direção de arte digna de um Kikito.