Criada pelo sueco Stieg Larsson (1954-2004) para a saga literária “Millenium”, a hacker Lisbeth Salander já foi vivida nos cinemas por Noomi Rapace e Rooney Mara, mas coube à britânica Claire Foy, de “The Crown”, interpretar a personagem após a onda feminista que deu origem a movimentos como #MeToo em “A Garota na Teia de Aranha”, que estreia hoje.
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O longa adapta o quarto livro da série, escrito por David Lagercrantz, em 2015, após a morte de Larsson. O romance é contestado por fãs mais puristas, e o mesmo deve acontecer com o novo filme. Se antes Lisbeth desbaratava casos em extrema sintonia com o jornalista Mikael Blomkvist, vivido agora por Sverrir Gudnason, a personagem assume aqui o protagonismo total.
Dessa vez, a hacker é contratada por um ex-funcionário da Agência Nacional de Segurança dos EUA para recuperar um software que controla ogivas em qualquer parte do mundo. Aqui ela coloca suas habilidades físicas à prova para proteger o filho do sujeito ao mesmo tempo em que tenta evitar o apocalipse e precisa lidar com traumas do passado.
Um dos problemas da produção é tentar apresentar Lisbeth como uma heroína infalível, apesar de atormentada. É difícil acreditar na transformação dela em alguém capaz de enfrentar praticamente sozinha uma megacorporação do mal, especialmente quando a personagem tem poucas falas para mostrar ao público a que veio. Apesar de talentosa, Claire Foy tem atuação que não vai muito além de um pastiche dark e gerando um desperdício de protagonistas femininas fortes em uma Hollywood ainda muito masculina.